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A evasão no ensino médio

Os motivos são variados, a começar pela pobreza ou a falta de escolas na comunidade. Mas o certo é que, a cada ano, quase 3 milhões de jovens abandona o ensino médio antes de concluir o ano letivo. Ou seja, um em cada quatro jovens de 15 a 17 anos de idade abandona os seus estudos, sem considerar os que se encontram fora da faixa etária respectiva, numa disfunção que é própria do sistema brasileiro.
O fenômeno ocorre num momento inoportuno, quando o mercado se abre para profissões inusitadas, como consultor de genoma, consultor de longevidade e assessor de aprimoramento pessoal, entre outras. Se há brecha para essas novas atividades, o esvaziamento de oportunidades no ensino médio não deixa de ser profundamente lamentável, exigindo uma tomada de posição do Ministério da Educação quando o seu titular se desdobra para a reforma necessária nesse nível de ensino.
Cerca de 10 milhões de jovens deveriam frequentar o ensino médio, no próximo ano. Mas do jeito que as coisas vão, 1,5 milhão sequer irão se matricular e outros 700 mil abandonarão a escola, além dos 600 mil que serão reprovados por faltas. São números na verdade inaceitáveis, sobretudo porque contrariam o disposto na Constituição da República.
Se o mercado de trabalho reage favoravelmente, como hoje está acontecendo, isso deveria se refletir nas oportunidades de emprego em nível intermediário. Temos o bom trabalho desenvolvido pelo sistema S, mas não é suficiente para uma grande reação.
Lembramos de uma visita feita ao Estado de Israel, em Tel Aviv. Na Escola Aron Singalovsky, eram 5 mil alunos, dos quais 2/3 teriam trabalho em nível intermediário, com bons salários, e os demais subiriam ao ensino superior, de acordo com suas aptidões. É claro que num país menor essas combinações são mais fáceis, mas elas não podem deixar de ser consideradas qualquer que seja o projeto de desenvolvimento em tela.
No Brasil, um dos fenômenos prejudiciais ao sistema é a existência de uma clara distorção idade/série. A evasão, o abandono e a distorção se juntam, numa triste realidade, provocando um prejuízo anual de 35 bilhões de reais. Pode-se inferir que estamos longe da tendência mundial e que levaríamos cerca de 200 anos para atingir a sonhada meta do Plano Nacional de Educação, de universalização do atendimento escolar nessa faixa etária. Aliás, em matéria de PNE somente dois itens são plausíveis, dos 20 existentes, o que prova que estamos muito mal em matéria de planejamento.
É por essas e outras que o Instituto Ayrton Senna propôs o aumento de atividades do ensino à distância, flexibilização no horário das aulas e propostas revolucionárias para reduzir a evasão escolar. São iniciativas que não podem demorar e que pedem soluções corajosas, a fim de viabilizar esse sistema essencial ao progresso do país.
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