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Após estouro em 2017, Baco Exu do Blues lança canção e volta a São Paulo
‘a última passagem por São Paulo, em dezembro, Diogo Moncorvo, o nome que consta na certidão do rapper Baco Exu do Blues, enumerava os shows que faria até o fim do ano. Entre um copo e outro de cerveja, naquele único bar encontrado aberto na Vila Madalena, numa madrugada de quarta para quinta-feira de dezembro, o músico também saboreava a vitória. Depois de um período sombrio, no qual a depressão esteve ali, prestes a cravar as garras no seu pescoço, Exu do Blues lançou Esú, no segundo semestre de 2017, um álbum sobre reerguimento, sobre suportar as pancadas e mostrar o vigor com rimas que soam como gritos acumulados na garganta. O álbum de estreia dele figurou no topo das tradicionais listas de fim de ano, dividindo, por vezes, as primeiras posições com Recomeçar, de Tim Bernardes.
Ao atender a ligação do jornal “O Estado de S. Paulo”, já nesta semana, Exu do Blues está de olho no futuro. Em trânsito, por Salvador, ele dizia não ter descansado durante o fim do ano – emendou shows com gravações de novas músicas. “Quando achei que iria aliviar, veio o carnaval e foi aquela loucura”, conta ele. Em seus planos para 2018, está Sinfonia do Adeus, canção que já sai com videoclipe, lançada nesta quinta, 22, um rap-lamento sobre as dores de uma saudade inescapável. Embalada em uma base estável, criada pelo produtor Bolin, Exu do Blues canta a última despedida, a perda e o luto. “Eu sofri uma perda”, explica. “E escrevi essa letra assim que soube. Saiu de forma rápida, como um grito que eu gostaria de ter dado no momento, mas, naquela hora, não pude.”
Os versos dele choram ali: “A saudade que mais dói é a do abraço não dado / É o te amo’ não dito”, canta. A faixa é mais do que uma “oposição a Te Amo, Disgraça” (escrito dessa forma, mesmo), canção chamada por aí de “love song de 2017”, por tratar de um amor de entrega, imperfeito, porém demasiadamente real e suado. “É mais fundo do que o fim de uma relação”, explica.
O Exu do Blues que estonteou em Esú está ali, na entrega de si nessas linhas, de forma bastante visceral. Inclui, na sua métrica e flow muito próprios, as referências de música brasileira – como uma referência a Cartola -, e os sentimentos dúbios. São como fluxos de raciocínio, colocados na ponta da sua caneta. “Eu sou o motivo da minha própria ira, me engasguei com minha vaidade / Eu não aguento saber que te perdi / Não tem mais volta / Aprendiz de Cartola, eu falei com flores mortas / Estou conquistando o mundo, mas minha vitória tem sabor de derrota”, diz outro trecho de Sinfonia do Adeus.
A nova música sucede Facção Carinhosa, lançada no fim de janeiro, embora seja uma composição de um período pré-Esú, quando Baco iniciava seu grito de libertação das amarras do rap. Nela, canta ser o que quiser: punk, funk, rap. E a ideia do rapper, que volta a se apresentar em São Paulo (neste sábado, 24, no Sesc Pompeia, com ingressos esgotados em duas horas), é seguir 2018 com o lançamento de singles, como Facção Carinhosa e Sinfonia do Adeus. Em 10 de março, ele divide a noite com Don L, no Circo Voador, no Rio. “Depois, vou começar a gravar o Esú 2, que é a uma continuação do disco”, explica Exu do Blues. “E vai ter participações, não vai ser só rap, com muita coisa nova.”
Do mundo, Baco Exu do Blues talvez siga levando pancadas, como aponta a letra de Sinfonia do Adeus. Mas ele, que voltou a treinar, sabe como revidar. “Eu só escrevo quando não tem mais jeito, quando sinto uma necessidade extrema de falar”, diz ele, sobre suas rimas virem do âmago. “As músicas surgem quando eu não aguento mais segurar e preciso colocar tudo para fora.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Pedro Antunes
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