Política
‘Corrupção não é de direita ou de esquerda’, afirma Moro em Porto Alegre
Alvo de protestos e perseguição por aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira, 10, que corrupção não é uma questão de ideologia partidária. “É preciso fugir do debate ideológico. Corrupção não é de direita ou de esquerda. Existem políticos bons e ruins nos partidos”, disse Moro durante o Fórum da Liberdade em Porto Alegre.Moro expediu mandado de prisão de Lula na quinta-feira, 5, após o Supremo Tribunal Federal negar pedido de habeas corpus preventivo do petista e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) dar sinal verde para o cumprimento da pena, que é de 12 anos e 1 mês de detenção por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do triplex do Guarujá (SP).O juiz também criticou as negociações políticas conduzidas por governos para tentar aprovar reformas necessárias ao País. “Falam que, em nome da governabilidade, é preciso fazer sacrifícios éticos, mas, quando se transige com corrupção para aprovar reforma, isso é negativo”, afirmou o juiz federal, defendendo mudanças no sistema representativo do País.Segundo Moro, foi importante que o Brasil tenha recuperado a liberdade na década de 1980, com o fim do regime militar, mas ainda são necessários avanços. Para ele, o atual sistema político ainda é muito fechado, com excessivos benefícios e proteções, incluindo o foro privilegiado.”A Operação Mãos Limpas (na Itália) ensina que existem limites do que a Justiça pode fazer. É importante que outros setores se movimentem, setor privado, sociedade e governo, reduzindo oportunidades de corrupção. Isso foi feito – mas pouco – no Brasil”, disse Moro.O magistrado lembrou que governo aprovou a Lei das Estatais, que prevê regras mais rígidas de governança nas empresas do governo, mas considerou essa iniciativa muito limitada.O juiz da Lava Jato disse também que a operação é apenas mais algumas páginas de um livro que está sendo escrito e que a democracia está cada vez mais demandante pelo fim da corrupção. “A corrupção funciona como um imposto negro que reduz a produtividade”, disse.
Autor: Pedro Venceslau, Idiana Tomazelli e Dayanne Sousa
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