Política

STF impediu um grande retrocesso no julgamento da semana passada, diz Moro

10/04/2018

A um dia da sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode rever a prisão após segunda instância, o juiz federal da Lava Jato em Curitiba, Sérgio Moro, foi ovacionado por uma plateia de cerca de 2.000 pessoas em sua segunda palestra pública na tarde desta terça-feira, 10, no Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. Assim como no evento da manhã, ele voltou a elogiar o Supremo Tribunal Federal pelo julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. “Fiquei muito feliz com o julgamento da semana passada. O STF merece todos os elogios. Impediu uma grande retrocesso”, afirmou. Em sua fala, o juiz também exaltou a Lava Jato e defendeu reformas mais amplas para acabar com o loteamento político de cargos no Brasil. “É necessário ter reformas mais amplas para diminuir incentivos à corrupção. Isso que chamamos de loteamento político de cargos públicos se encontra na raiz dos problemas da Petrobras”, disse.O juiz argumentou que criou-se no Brasil um ambiente institucional que favorece a corrupção. “Não se pode construir um processo penal que impeça que pessoas poderosas permaneçam impunes porque tem condições de manipular o sistema para impedir que um caso concreto chegue ao fim.”No início de sua fala, Moro afirmou que houve uma apropriação da Petrobras, “o grande orgulho brasileiro”, para enriquecer seus executivos e dirigentes de empresas que faziam negócios com a estatal, com o componente perverso de que os desvios foram para políticos e partidos. Defendeu ainda, mais um vez, a limitação do foro privilegiado de autoridades. Durante a palestra, um grupo de estudantes e militantes de esquerda tentou entrar no local do evento para protestar contra Moro e defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Autor: Pedro Venceslau, enviado especial, e Marcelo Osakabe
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