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‘Nos Vemos no Paraíso’, sátira séria da Guerra
Com Nos Vemos no Paraíso, Albert Dupontel faz um filme de guerra que escapa aos clichês do gênero.
Na verdade, é a história de dois amigos que combatem na mesma trincheira durante a 1ª Guerra Mundial. O armistício está próximo, mas quem se encontra no comando é um tenente mau caráter que, sem qualquer necessidade, manda seus homens atacar os alemães entrincheirados em frente. Na carnificina que se segue, um deles salva a vida do outro, que porém escapa com ferimentos graves que deformam seu rosto.
Baseado no livro de Pierre Lemaître Au Revoir Là-Haut, o filme mostra a indiferença da sociedade em relação aos que voltam da guerra. Este também é um tema clássico. Os ex-soldados são recebidos como heróis, mas dificilmente se encaixam numa sociedade sofrida, que procura se reconstruir após a destruição. Juntos, Edourd Péricourt (Nahuel Perez Biscayart) e Albert Maillart (o próprio diretor Albert Dupontel) decidem então montar um golpe com monumentos falsos aos heróis da guerra.
O tom é um tanto novelesco e mescla drama e farsa em boa parte do tempo. Na verdade, alterna registros. A parte da guerra e do ferimento do soldado são dramáticas e duras, com combates bem filmados. Mais tarde, quando a dupla se reencontra em Paris, o tom se altera e a história se desdobra em leveza e ironia, com algumas piscadelas de olho ao surrealismo. Dupontel, como diretor, mostra-se capaz de costurar de maneira hábil essas alterações súbitas de tonalidade. Também é bom ator.
A narrativa em retrospecto acrescenta charme adicional ao filme, pois a história é reconstituída por Maillart a um oficial, num comissariado de polícia do Marrocos, onde se encontra detido. O tom retrô, incômodo para alguns críticos franceses (em especial na intolerante revista Cahiers du Cinéma) é bem construído e nada artificial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Luiz Zanin Oricchio
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