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Tributo a Zé Limeira
José Américo de Almeida, inquilino da Casa de Machado de Assis, ao prefaciar o livro Zé Limeira, o Poeta do Absurdo de autoria de Orlando Tejo, dissecou a personalidade do coestaduano de forma nítida e, principalmente, erudita.
“ Esse Zé Limeira, chamado o Poeta do Absurdo, era doido ou um vidente.A figura humana encarnava um misto de excentricidade e simpatia. Alto, forte, sorridente, impressionava pelo físico e maneiras destabocadas. Andarilho de sete fôlegos, trazia o mutulão a tiracolo e não largava a bengala de aroeira, feita um bordão.Meio carnavalesco, usava roupa de mescla com lenço encarnado no pescoço. Seus dedos eram grossos de anéis.Zé Limeira paraibano de Teixeira ( 18886/1954).Cantando, com uma voz bonita, erguia com um lenço, o rosto guarnecido de grandes óculos escuros. Este retrato denuncia o estado interior: Sou o cantador malhó/ Que a Paraiba criou-lo. /Eu me chamo Zé Limeira/ cantor de Sabedoria./Não tem homem Cuma eu./ Sou o vátis das glórias desta terra./ Eu sou um homem de fé/ Mais só conheço a muié/ Olhando a parte de baixo”.
Nesse sentido, Orlando Tejo trouxe à tona a vida do cantor-repentista que durante sessenta e oito anos abrilhantou a terra de Zé da Luz, do romancista José Lins do Rego. E de tantos outros que deixaram marcas indeléveis que a poeira do tempo não conseguirá apagar. Aliás, a velha Paraíba é considerada um celeiro de poetas, de escritores, intelectuais que exaltaram a vida nacional.
No dizer de do escritor maranhense José Ribamar Ferreira de Araujo Costa Sarney, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL): “ A cantoria nasce, não pode ser feita. É uma lamparina, é um terreiro, é um barracão, é uma noite. São duas violas, são quatro repentes. Começa e cresce, vaivém, morre e ressuscita. A lua desapareceu. Na madrugada o dia nasce, as moças fogem, a viola cala, mas, no ar, a lenda vai começar. E são repetidos galopes, quadrões, choradeiras como foram e como não foram e de verdades viram lenda, e de lendas viram verdades e correm pelo sertão.Esse Zé Limeira é o poeta do absurdo foi um demônio que possuiu o talento e a alma de Orlando Tejo, que em vez de refletir o espírito de Zé Limeira, é o Zé Limeira que, na morte, recebe a alma viva de Orlando Tejo.Afinal, o absurdo é a mais racional de todas as coisas. O real é que é absurdo.Mestre Jorge Luiz Borges quando fala dos sonhos diz que eles é que são verdadeiros. Porque eles não morrem nem se deformam. Eles são eternos. Uma rua pode ser modificada, mas, o sonho de uma rua é imutável e quando muda é outro sonho”.
Zé Limeira na sua rima misturava fatos religiosos, históricos e políticos. Ele tinha o dom herdado da divindade. Não frequentou escolas, aprendeu na vida com o tempo que é o mestre propriamente dito.” Eu me chamo Zé Limeira./ Cantador do meu sertão,/O sino de Salomão/ Tocando na laranjeira,/ Crespusco de fim-de-feira,/ Museu de São Rafael,/ O Juiz prendeu o réu,/ Depois fechou a cancela,/ Escrevi no nome dela Com o leve do azul do Céu”.Eduardo Ramires redigiu esse mote, às primeiras horas da madrugada:” Escrevi o nome dela/ Com o leve do azul do Céu”.
“ São Pedro, na sacristia,/ Batizou Agamenon,/ Jesus entrou em Belém/ Proibindo o califon,/ Montado na sua ideia,/ Nas ruas da galileia/ Tocou viola e piston”. “ Quando Jesus veio ao mundo/Foi pra fazê justiça:/ Com treze ano de idade/ Discutiu com a doutoriça,/ Com trinta anos depois/ Sentou praça na poliça”. Com o absurdo fez sua saga de vate na poesia brejeira.Deixou uma história bonita contada por Orlando Tejo. Como amante dese gênero explicito o meu Tributo a Zé Limeira. Organização: Francis Lawrence.
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