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Violeiros Poetas

“ O Brasil, escrevera certa vez Gilberto Freyre, não se define, como cultura, apenas pelos discursos pronunciados nas suas academias de letras, de filosofia e de ciências ou nas universidades. Define-se também pelas estórias contadas em português espontâneo, rústico, rude, porém expressivo. Por cantigas também espontâneas: cantos de analfabetos até. Pela sua sabedoria popular manifestada, por vezes, de modo surpreendentemente intuitivo e imaginativo”.
Doutor Ivan Bezerra de Barros, advogado, jornalistas escritor consagrado no seu tempo ( escreveu mais de trinta livros), promotor de justiça emérito do Ministério Público estadual, sócio vetusto da Associação Alagoana de Imprensa (AAI), inquilino da Casa de Demócrito Gracindo, pode-se dizer um homem erudito e, ao mesmo tempo, focado nas raízes de sua terra natal Palmeira dos Índios.
Desta feita, trouxe à tona seu festejado livro Violeiros, Repentistas e Poetas do Sertão onde enaltece os Violeiros Poetas da estirpe de cego Aderaldo, Patativa do Assaré, Efigênio Moura, Lourival Batista, Zé da Luz, Zé do Cavaquinho, Pageú, Rodolfo Coelho Cavalcanti, José Bernardo da Silva, Oliveiro Deoclécio Araújo, Juriti, Tonho da Viola, Antônio Pereira, Amaro Guedes, Manoel Oliveira Pinto, Jacinto Silva, e outros vates que embelezaram e embelezam a Literatura de Cordel como um todo.
Dimas Batista Patriota segundo o autor, atesta poeticamente , o valor da viola: “ Velha viola de pinho,/ Companheira de minha alma,/ Constante e enternecida/ foste tu a interprete primeira/ Da primeira ilusão de minha vida./ E, comigo, tocando a noite inteira/ Tu, comigo, tocando divertida./ Sorria, se eu louvava a brincadeira/ Choravas se eu cantava despedida/ Nas festas de São João e farinhadas/ Casamentos, novenas, vaquejadas/ Divertimos das serras aos baixos/ Perlustrando contigo pelo norte/ Foste firme, fiel e forte/ No rojão dos ferrenhos desafios”.
“ José Sarney, imortal da Academia Brasileira de Letras ( ABL), ex-presidente do Brasil, diz que a cantoria nasce, não pode ser feita. É uma Lamparina, é um terreiro, é um barracão, é uma noite, são duas violas, são quatro repentes. Começa e cresce, vai e vem, morre e ressuscita. A lua desapareceu. Na madrugada o dia nasce, as moças fogem, a viola cala, mas, no ar, a lenda vai começar. E são repetidos galopes, quadrões, choradeiras como foram e como não foram e de verdades viram lendas, e de lendas viram verdades e correm o sertão. Esse Zé Limeira, o poeta do absurdo foi um demônio que possuiu o talento e a alma de Orlando Tejo, que em vez de refletir o espírito de Zé Limeira é o Limeira que, na morte, recebe a alma viva de Orlando Tejo”.
Pois bem, Ivan Barros na sua acurada pesquisa registrou o improviso que fez Chico Nunes que, a convite do líder político Juca Sampaio, quando o filho ilustre do Pilar visitou a Terra dos Xucurus. “ Existe um Governador/ Que se chama Costa Rego/ Que tirou o meu emprego/ Porque o jogo acabô/ Isso me contrariô/ Mas o destino assim quis/ A sorte me contradiz/ Eu fiquei desmantelado/ Largue de ser desgraçado/ Seu Costa Rego infeliz”.
A bem da verdade, os Poetas Violeiros são os poetas que não frequentaram universidades. Muito pelo contrário, nasceram com a veia poética a serviço do povo do sertão.E, por isso, usam a teoria teocentrismo, ou seja, recebem a inspiração divina para embelezarem a cantoria. Nasce, portanto, os versejadores que embelezam a poesia popular.Viva a poesia sertaneja!
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