Economia
Sonho desfeito para manter os negócios
Durou apenas seis meses o sonho de consumo de ter um carro de luxo do empresário Deiverson Migliatti, de 36 anos, dono da rede de franquias Sterna Café. Em outubro, ele desembolsou R$ 400 mil à vista por um Porsche Cayaman 2015. “Sempre quis ter um carro diferente, que se assemelhasse a um carro de corrida.”
No mês passado, no entanto, vendeu o Porsche porque precisava do dinheiro para tocar os negócios. Com a pandemia da covid-19, o empresário viu sua receita e a dos franqueados praticamente cair a zero do dia para noite e seu patrimônio pessoal se dilapidar na Bolsa. “Perdi cerca de 50% e não posso retirar o dinheiro da Bolsa, senão perco mais.”
Migliatti diz que precisa dar apoio à sua rede de franquias e que não quer demitir nem na franqueadora nem nas lojas próprias. Sua rede de cafeterias reúne 85 franqueados. Desses, 65 com lojas em funcionamento e 20 em fase de obras. Ele também tem duas lojas da KFC e duas da Subway, como franqueado.
Esse tsunami também pegou o empresário num momento ruim. Ele estava descapitalizado porque no início do ano tinha fechado dois negócios: comprou 11 lojas da rede de cafeterias Moinho e metade da fábrica de bolos Flamy. Pelas duas aquisições desembolsou quase R$ 2 milhões.
Para tentar equacionar a falta de dinheiro, cogitou vender imóveis, como terrenos e casas, mas desistiu. Viu que teria dificuldade de encontrar comprador. Também bateu à porta dos bancos para obter crédito, mas encontrou taxas absurdas. “Um banco ofereceu uma promoção de crédito com juros de 7,6% ao mês. Isso é linha de agiota”, reclama.
A saída foi vender o carro esportivo. “Mesmo na crise esse carro não perde valor, porque é um ícone, há poucos desse modelo no Brasil.” Resultado: vendeu o veículo por R$ 420 mil e embolsou um troco de R$ 20 mil, mais do que o rendimento mensal que conseguiria se tivesse aplicado o dinheiro num investimento em renda fixa.
Com economia, Migliatti acredita que terá recursos para os próximos seis meses. Diz que dará um desconto de 15% em março na taxa paga pelo franqueado, que é de 5% sobre o faturamento. Nos próximos meses aumentará o desconto para 30%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Autor: Márcia De Chiara
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