Economia
Dólar cai com possível alta de Trump no radar, mas cautela fiscal traz pressão
O dólar opera em baixa nesta segunda-feira, acompanhando a queda da moeda americana predominante no exterior, em meio a expectativas de alta do hospital hoje do presidente Donald Trump, que está internado com covid-19 desde sexta-feira e deve continuar o tratamento na Casa Branca.
A menos de um mês da eleição presidencial nos Estados Unidos, em 3 de novembro, e fora do corpo a corpo eleitoral, Trump reforça sua campanha nas redes sociais e, a partir de quarta-feira, seus familiares e o candidato a vice, Mike Pence, devem substituí-lo em eventos públicos de campanha.
O dólar à vista já quase virou para o lado positivo, na máxima a R$ 5,6698 (-0,01%), mas voltou a exibir queda moderada. O ajuste local é limitado pela indefinição do renda Cidadã e o racha entre os ministros Paulo Guedes (Economia) e Rogério Marinho (Desenvolvimento regional). Marinho disse em reunião com analistas do mercado que o Renda será criado da melhor ou da pior maneira e criticou Guedes, que revidou chamando o colega de “despreparado, desleal e fura-teto”. Uma nova ideia em estudo pela equipe econômica, agora, seria acabar com o desconto de 20% no Imposto de Renda da Pessoa Física para contribuintes que optam pela declaração simplificada, segundo a Folha de S.Paulo. O impacto financeiro ainda é avaliado, mas no ano passado 17 milhões de declarações simplificadas foram entregues.
“Não há definição do financiamento do Renda Cidadã. Há atrito Guedes x Marinho e Guedes x Maia, que vão jantar junto com o presidente Jair Bolsonaro, mas que não devem de fato se entender”, diz José Faria Junior, sócio-diretor da Wagner Investimentos.
Parlamentares articulam ainda uma reaproximação entre Guedes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. O objetivo é “costurar” uma saída para o impasse em torno das medidas econômicas e o Renda Cidadã sem a piora das contas públicas. O encontro entre os dois pode acontecer hoje, na residência do ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.
Na semana passada, Guedes acusou Maia de ter feito um acordo com a esquerda para travar propostas de privatizações do governo, e o presidente da Câmara rebateu dizendo que o ministro estava “desequilibrado”. A reportagem apurou que líderes do “Centrão” que disputam a eleição para a sucessão de Maia não veem com bons olhos o encontro entre eles.
E há risco ainda de que a guerra em torno da presidência da Comissão Mista do Orçamento (CMO) possa levar a votação do Orçamento e do Renda Cidadã para o ano que vem, “sob nova direção”. Guedes é cobrado ainda por políticos e economistas liberais por descumprir a promessa de privatizar quatro estatais em até 90 dias, feita em 5 de julho em entrevista à CNN Brasil.
Na pesquisa Focus, hoje, o mercado piorou sua previsão para o déficit público em relação ao PIB, que passou de 15,50% para 15,70% em 2020 e de 2,84% para 3,00% em 2021.
Às 9h44 desta segunda, o dólar à vista caía 0,08%, a R$ 5,6653. O dólar futuro de novembro recuava 0,44%, a R$ 5,6690.
Autor: Silvana Rocha
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