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Os discursos de ódio e o espírito da quinta série

Um termo que ocupa boa parte dos discursos politicamente corretos é o tal “discurso de ódio”. Aliás, é uma e duas e aparece aqui e acolá alguma figura falando, digo, acusando Fulano e Beltrano de serem propagadores desses tais “discursos odientos”, de defenderem uma “pátria com ódio”, de cultivar uma “cultura do ódio” e por aí segue o infame andor de acusações odiosas. Definitivamente, é de cansar os ouvidos e de aborrecer o juízo.
Quando vejo alguém rotulando uma pessoa como sendo um [suposto] propagador desse tipo de trem fuçado, eu tenho a clara impressão de que estou diante de um garotinho mimado – da antiga quinta série – que, fazendo beicinho e franzindo a testa, diz: “você é feio! Feio e bobo! Você é feio, bobo e malvado! E eu vou contar tudo pra minha mãe”!
No fundo é bem isso que o infeliz está querendo dizer. Só isso. Que ele não concorda com você, por isso te odeia. Mas dizer isso não pega bem para “pessoas do bem”, não é mesmo? Aí, eles perdem a cancha e dizem, cheios de indignação afetada, que aqueles que eles odeiam seriam os “verdadeiros” e temíveis propagadores do ódio. Eles, jamais.
De mais a mais, sejamos francos: que fetiche mais tongo esse de olhar para a palavra ódio e ficar depositando sobre ela tudo aquilo que não presta, tendo em vista que não há nada de errado em odiarmos algo. O problema é o que nós odiamos e por que odiamos.
Isso mesmo. Não há nada de errado em odiarmos algo porque, quando odiamos um troço é porque esse algo fere alguma coisa, ou alguém, que amamos profundamente.
Por exemplo, se amamos a verdade, necessariamente, odiamos a mentira. Necessariamente temos que odiar a mentira se realmente amamos a verdade. Ou você é daqueles que é capaz de amar tanto a falsidade quanto a verdade? Ou somos quentes ou somos frios meu amigo, não tem lesco-lesco.
Aliás, como o bigodudo do Nietzsche a muito nos diz, quem não sabe desprezar, não sabe respeitar; quem não sabe odiar, não sabe o que é amar.
E se o filósofo bigodudo estiver certo, e nesse quesito eu acredito que ele esteja, aí torna-se claro porque toda essa galerinha politicamente correta baba de raiva quando vão falar a respeito daqueles que eles classificam como sendo devotos da cultura do ódio: é bem provável que eles não saibam o que é o amor, por isso procuram esconder toda a sua irascibilidade peçonhenta com palavras fofas como “paz”, “democracia”, “auteridade” e tutti quanti.
Palavras lindas, é verdade, que realmente, em alguma medida, ocultam todo o rancor que vibra nos átrios dos seus corações, mas que, sem que eles se deem conta, as palavrinhas lindas acabam por deixar a calda e o guizo dos seus reais sentimentos vis à vista de todos que tem olhos para ver e não tem preguiça de fazê-lo.
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