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Antologia Poética
Marcos Konder Reis que, ao lado de Lêdo Ivo, forma a dupla mais estimada por mim desta polêmica geração chamada 45. Relendo Lêdo Ivo, na íntegra, para a seleção desta Antologia, reencontro o prazer do verso largo, a música cintilante, o respeito ao soneto (esta forma-forma perene), o clima reminiscente, a generosidade de ritmos oceânicos, e a intimidade perfurante com a morte e o amor. Lêdo Ivo consegue a valiosa façanha de transcender o trivial, de não trair o cotidiano sem contudo contentar-se com sua opacidade imediata. Ele atinge o fulgor do instante. Palavras de Walmir Ayla, Rio de Janeiro, julho de 1989.
Certa feita, participava de uma solenidade na Casa de Demócrito Gracindo, e pedi ao presidente Carlos Moliterno, que me apresentasse ao imortal da Academia Brasileira de Letras. “Lêdo, este é o presidente da Associação Alagoana de Imprensa (AAI), Laurentino Veiga”. Ao apertar minha mão, respondera: “ Leio suas crônicas, bem-feitas e com tom de romantismo”. Daí, então, passei a privar de sua fidalga amizade.
Nesta Antologia, encontra-se a cronologia do autor, apresentação da obra por Antonio Carlos Villaça, os poemas: A Capa, Face Belíssima, O Bombeiro, Cantiga Para a Amiga Fútil, Justificação do Poeta, Elegia, Elegia Didática, Ode ao Crepúsculo, Balada Insolente, Canto, Vogante, Soneto Puro, Investida, O Ofício de Viver, Soneto Campestre, A Janela sem Traves, Poema de Natal.
“Este será meu Natal – mel bebido em cordilheira, pista errada! Profundeza de urna clarão, e orelha surda aos tambores do vento/ Contemplei uma sequóia na floresta; retardei o fogo no campo nu/ como o beijo em tua espádua”.
Poeta erudito, com passagem na Cidade Luz onde conheceu os melhores filósofos de sua época. Romancista, contista, historiador poético, e, principalmente, homem sensível às letras nacionais. Simples no viver, no trato com às pessoas. Irmão do saudoso jornalista Aldo Ivo. E, por conseguinte, não “passou em brancas nuvens. Em plácido repouso adormeceu. Mas sofreu. Não foi espectro de homem. Viveu intensamente como homem e tornou-se amigo da poesia”.
“A doce sombra dos cancioneiros / em plena juventude encontro abrigo. Estou farto do tempo, e não consigo cantar solenemente os derradeiros / versos de minha vida, que os primeiros foram cantados já, mas sem o antigo acento de pureza ou de perigo/ de eternos cantos, nunca passageiros/ Sôbolos rios que cantados vão / a lírica do degredado – que, estando em Babilônia, quer Sião/ irei, levando uma mulher comigo, e serei, mergulhado no passado/ cada vez mais moderno e mais antigo”.
A Antologia Poética de Lêdo Ivo, transcende a poesia para enriquecer a literatura moderna, fazendo valer o seu tirocínio literário; isto é, levando seus sonetos aos píncaros da glória, e; porque não dizer, firmá-lo como pensador na contemporaneidade.
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