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A casa do terror

Certa vez em minha juventude visitei Caicó levando comigo Jesualdo, e desde então ele se tornou fiel peregrino de Sant’Ana ali comparecendo, para na última quinzena de julho, reverenciar a avó de Jesus, padroeira da cidade.
No ano anterior à pandemia por lá se fez presente trazendo além dos familiares mais próximos, Inocêncio, um garoto de nove anos de idade que já no primeiro dia, imaginou haver chegado ao paraíso, logo se afeiçoando à outras crianças das redondezas.
Certo dia, com as ruas fervilhando de pessoas, celebrando a grandeza do pavilhão de Sant’Ana, Jesualdo, deu por falta de seu afilhado. A busca foi grande até que alguém informou haver visto a criança, em companhia de várias outras, liderados por um vizinho chamado Vagner, caminhando com destino ao parque de diversões da Ilha, que muito lembra o Magic Kingdom, devido aos muitos entretenimentos lá disponíveis.
Acompanhado por Generosa, Jesualdo correu até o local havendo encontrado o parente chorando, sentado em um banquinho da via principal do complexo. Ao questionar o acontecido ouvira como resposta que havia participado do show da Monga, onde o ápice do espetáculo acontece quando uma linda mulher se transforma em feroz gorila, que após a metamorfose chegou junto à plateia, o agarrando forte e lambendo todo o seu rosto.
Ao saber dos detalhes, Jesualdo enfurecido, após quebrar algumas cadeiras do recinto, ameaçou espancar a primata fake. Nunca mais o menino andou sozinho.
Em Julho último, retornou a Caicó, dessa vez acompanhado por Generosa e o filho de Germinia carinhosamente chamado de Doquinha. Sem contudo esquecer da encrenca acontecida anos antes com outro protegido seu, mantinha o guri sob “rédea curta” o acompanhando em todas as visitas.
Em determinado momento resolveu levar o sobrinho para conhecer os brinquedos do badalado parque, porém respeitando distância de segurança da impossível Monga a fatídica atração que gerou problemas para ele, três anos antes.
A dupla de visitantes resolveu iniciar as emoções pela “casa do terror” e então já dentro do salão, ante penumbra e fumaça de gelo seco que impedia a visão ampla, escutou barulho muito forte de ferro cortando madeira, quando para sua surpresa, surgiu um pequeno vulto caracterizado como Jason de sexta feira 13, empunhando uma serra elétrica e segurando Doquinha gritou: “agora você vai morrer feito picadinho”.
Mesmo com a ameaça, o jovem não pronunciou uma única palavra, mas Jesualdo de um pulo só, agarrou o pescoço do minúsculo homem e o levantou espremendo-o na parede. Foi uma gritaria, as luzes acenderam, o quase enforcado já com a língua de fora, bola dos olhos pulando da caixa, desesperadamente balançando as perninhas a um metro do chão, todo obrado e urinado, com muito esforço falou: “Senhor, sou apenas um personagem e essa ferramenta é de plástico”. Jesualdo enfurecido gritou: “vai te lascar, personagem de furico é piroca, você ameaçou matar meu menino.
Dia seguinte o anão quase vitimado por estrangulamento, foi visto fantasiado de neném, usando fralda e chupeta, animando um singelo brinquedo para bebés.
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