Dias atrás lendo texto em revista especializada, aprendi estarmos sessenta e oito vezes mais expostos ao perigo como habitante das grandes cidades brasileiras, do que ser soldado da Otan no Afeganistão. Um dos motivos de tal acontecimento, é o excesso de arrogância, mesmo que sutil, por parte de integrantes das várias camadas de nossa sociedade.

Recentemente tornou-se rotineira a prática da agressão mútua, insuflados por eleições que deveriam ser aplaudidas como espetáculo de democracia. Qual exemplo recebem filhos de pais que se engalfinham em casa por causa de um voto? Ou a pessoa que por discordar do pensar de seu semelhante, o constrange com violência, não optando pela razão?

Mas agora nós temos um bom motivo de nos despirmos das indiferenças e recalques, de achar que a nossa bandeira tem dono, de entender que acima de tudo somos irmãos, tendo o dever de louvar o Brasil.

Começa o campeonato mundial de futebol, e mais uma vez aqueles que dias atrás estiveram divididos em nome de suas próprias verdades, espera-se, estarão todos de um só lado torcendo pelo sucesso do time canarinho tantas vezes campeão.

Sabe-se, ninguém consegue ser sozinho no mundo. Por mais que tentemos fazer algo individualmente, não é possível, pois dependemos de outros para que objetivos sejam alcançado. O apoio de semelhantes faz-se importante, não só nessas horas, mas para nos tornar mais humanos, pois só assim conseguimos atingir a felicidade.

Muitas vezes as pessoas não compreendem exatamente o sentido da união, uma vez que para tal acontecer, não necessariamente é preciso estar perto, pois quando existe conexão com objetivo comum, não importa a distância, essa corrente existirá.

Refletindo a respeito de tal pensar, chega-se a certeza que todos, como torcedores, estamos imbuídos em valorizar nossos atletas como equipe, mesmo que não simpatizemos com as práticas individuais de um ou de outro.

Das mãos de Alysson aos pés de Neymar, dos dribles mágicos de Vini Junior à garra e impetuosidade de Thiago Silva e Richarlisson, a partir de hoje formamos uma corrente composta por duzentos milhões de elos, um só coração, par de chuteiras, único grito de alegria nos gols marcados, ou tristeza com aqueles sofridos, tudo isso sempre envoltos nas cores verde e amarela que ornamentam nossas mentes, sonhos e a pátria.

Em campos de futebol do Catar, o time escolhido por Tite para representar o melhor país do mundo, deve explorar a certeza da inexistência de triunfo sem perda, vitória sem sofrimento ou mesmo conquista sem sacrifício.

Estaremos aqui, defronte aos monitores de TV confiantes de que vitória sorri para os que nela acreditam. Cada minuto jogado será uma nova chance tanto para trazer o hexa campeonato, como para entronizar os jogadores, protagonistas de tal glória, no hall da imortalidade, hoje frequentado por ídolos eternos, tal qual Ronaldo, Pelé, Romário, Zagallo e alguns outros.

Creio dessa vez seremos um por todos e todos por um, pois sabemos que para alcançar objetivos na vida é preciso enfrentar desafios sem perder o entusiasmo.