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O drama da Martins Pena
Assim que tomei posse na Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Rio de Janeiro, em 1979, tive que enfrentar um enorme problema. Era a situação precária da escola de Teatro Martins pena, situada no centro da cidade, que passava por enormes dificuldades financeiras, inclusive com o risco de desabamento.
A primeira providência deu excelentes resultados: nomear para a direção da escola o ator e diretor José Wilker. Mas ele impôs logo de saída uma condição: que eu arranjasse recursos financeiros para enfrentar os óbices existentes. E foi o que fiz, com a autoridade de que dispunha: separei 30 milhões de reais do orçamento da Secretaria para utilização somente na escola de Teatro Martins Pena.
Por essa razão, que valeu para todo o meu mandato, senti que Educação e Cultura tinham que andar juntas, sobretudo em virtude de questões orçamentárias. Quando foram separadas, a Cultura saiu perdendo.
Hoje, os problemas voltam a acontecer. A televisão fala em ameaças de desabamento, aulas prejudicadas, falta de verbas para tudo. Como se fosse maldição, as coisas se repetem. A Escola de Teatro Martins Pena está no noticiário – e de forma negativa. O fato se agrava por se tratar de prédio tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico nacional, o que é verdadeiramente uma vergonha. Por que isso tudo se passa na antiga capital cultural do país?
Infelizmente, hoje não temos um José Wilker para enfrentar isso tudo de forma competente e corajosa. Também as verbas são escassas, pois a prioridade para a cultura deixou há muito de ser uma realidade.
Se o que existe não se sustenta de pé, pode-se imaginar o quanto estamos longe de um processo criativo e empreendedor. Deveríamos estar construindo novos espaços culturais, distribuídos pelas várias regiões do estado. Mas não se sente nenhum movimento nesse sentido. Ao contrário, as manifestações culturais encolhem de forma lamentável e parece que se restringem ao Carnaval, o que não é pouco, mas não é tudo. Será que não é chegada a hora de uma reação à altura?
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