Internacional
Adiamento de reformas em Israel deve prolongar discussões no país
O adiamento da reforma política e jurídica em Israel deve prolongar a discussão sobre o tema até, pelo menos, meados de abril. Cientistas sociais e políticos avaliam que a atual onda de manifestações no país, que acontecem há três meses, já são as maiores das últimas décadas em Israel.
Os protestos contra a reforma no sistema judiciário desse país do Oriente Médio começaram com manifestações semanais, mas elas vêm aumentando com atos diários, que chegaram a fechar o principal aeroporto de Israel, em Tel Aviv. Uma greve geral chegou a ser anunciada, além de vários relatos na imprensa sobre bloqueios de vias, com participação de milhares de manifestantes.
O polêmico projeto, já aprovado em primeiro turno no parlamento, está sendo chamado de “golpe” pela oposição, como explica o cientista social Daniel Douek. Ainda segundo Douek, a situação é agravada porque Israel não tem uma Constituição que serviria como última baliza contra decisões arbitrárias de um governo autoritário.
Como consequência da reforma central, pautas conservadoras, como a lei que proíbe o afastamento do primeiro-ministro e a exclusão de direitos de minorias árabes ou LGBTs. Mesmo pautas laicas e de judeus liberais estariam em risco.
De volta ao cargo em dezembro do ano passado para o 6º mandato, Benjamin Netanyahu tem a maioria absoluta dos 120 votos do parlamento. O tradicional partido do primeiro-ministro, Likud, tem avançado para extrema-direita e se aproximou de partidos ultraconservadores com tendências teocráticas e religiosos nacionalistas. Apesar de variadas, as pautas desses partidos seriam viabilizadas pelo enfraquecimento do poder judiciário, como explica o cientista social Daniel Douek.
A atual onda de protestos já levou à saída do ministro da defesa, Yoav Galant, que se pronunciou publicamente sobre o risco à segurança nacional. Nesta semana, Netanyahu anunciou um acordo com o presidente de Israel, Isaac Herzog, para adiar o segundo turno da votação para depois da Páscoa Judaica, que este ano vai até 13 de abril. Segundo o cientista político Igor Sabino, o adiamento é uma estratégia para conduzir a reforma mais adiante.
De acordo com Sabino, a oposição em Israel também acusa Netanyahu de querer se beneficiar com a reforma, uma vez que ele é réu em três processos na justiça.
Internacional São Luís 29/03/2023 - 09:21 Nadia Faggiani/Edgard Matsuki Gabriel Corrêa - Repórter da Rádio Nacional Israel crise quarta-feira, 29 Março, 2023 - 09:21 3:43
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