Tudo é uma questão de perspectiva e perspicácia. Não importa a idade que tenhamos, não interessa muito se nosso quinhão é avantajado ou não.

O que realmente interessa, em nossa porca vida, para ela não ser vivida porcamente, é que sejamos audazes o suficiente para procurarmos ver as inúmeras possibilidades que se desenham a dois palmos adiante das nossas ventas.

Para não cairmos nas arapucas armadas pela nossa falta de noção, há um exercício que pode ser de alguma valia, se o praticarmos no silente saguão da nossa alma.

É assim: procuremos lembrar de algumas passagens da nossa vida onde, aquilo que nós mais almejávamos, acabou dando zica. Ao lembrarmos dessas coisinhas, que não gostamos de lembrar, perguntemo-nos o que poderíamos ter feito de diferente para que nossos objetivos fossem atingidos; perguntemos que outros objetivos poderíamos ter almejado.

Ao levantarmos essas perguntas, simples e diretas, constataremos que, infelizmente, nunca paramos para pensar nisso; nunca paramos para pensar nas vidas que poderiam ter sido vividas por nós, mas não o foram.

E assim, terminamos por agrilhoar nosso olhar num punhado de mesquinhas possibilidades frustradas, que acabam limitando severamente nossa imaginação.

Detalhe: tudo aquilo que não está presente em nossa imaginação, não fecunda nossa compreensão, nem nem amplia a nossa esfera de ação.

E a mesquinha frustração dói, dói pacas e, por isso mesmo, acabamos preferindo depositar a culpa em alguém, ou em algo, terceirizando nossa responsabilidade e, com ela, selamos tudo o que poderíamos ter sido.

Agora, se nos dispomos a realizar essa análise imaginativa do cenário da nossa vida, com abnegada frequência, com certeza nós iremos mudar o rumo do nosso troteado, e não será para pior, porque, no fundo, tudo, tudinho, sempre foi e sempre será uma questão de perspectiva e perspicácia.