Internacional
Bebida gelada de chocolate e menta vira símbolo de 'traição política' na Tailândia
A 'Choco Mint' lembra as cores da camuflagem do Exército; lideranças pró-militares não são bem quistas no país
A traição política na Tailândia tomou a forma inesperada de uma bebida gelada feita de chocolate e menta. A mistura de cores lembra a camuflagem militar do Exército, que comanda o país há uma década.
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A Tailândia encontra-se em um impasse desde que o Partido Move Forward (MFP, na sigla em inglês) — que obteve a vitória graças às promessas de pôr fim a quase uma década de governo apoiado pelo Exército — não conseguiu eleger seu candidato reformista como primeiro-ministro, Pita Limjaroenrat, forçando-o a se retirar e permitir que o parceiro de coalizão Pheu Thai tentasse formar um governo.
O partido foi expulso do poder pelos senadores, nomeados pelos militares, e seu principal aliado, Thai, tenta formar maioria sem a sigla. Somado a isso, na semana passada, um vídeo de Thai brindando com a bebida junto às lideranças de partidos pró-militares viralizou nas redes.
A bebida "Traindo o amigo" — como passou a ser chamada pela imprensa local – dominou o debate político. Mesmo com o aumento de interesse no alimento, alguns cafés e lojas anunciaram um boicote, afirmando que não vão servi-lo mais em solidariedade ao MFP. No bar de Bangcoc, onde o vídeo foi filmado, a bebida virou objeto de muitas selfies.
Choco Mint
Em um grande copo de plástico, Pob Rujikiatkhachorn, o barman, derrama um líquido mentolado e depois o recobre com chocolate ao leite e chantilly. Mesmo com um preço a quase US$ 2,75, o barman afirma que o "Choco Mint" nunca foi tão popular.
— É a nossa bebida mais vendida desde que virou o principal assunto das conversas nas redes sociais — enfatiza à AFP.
Os apoiadores da MFP podem discordar. Na esteira da imagem viral, várias cafeterias aderiram a um boicote ao chocolate com menta, retirando-o do cardápio e descrevendo-o como uma bebida que "machuca seu amigo".
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Vestindo as cores laranja características do MFP, Sasichom Krudhnark Pongphrom, de 42 anos, a dona de uma cafeteria em Samut Songkhram, conta que retirou a bebida do cardápio e questiona à AFP:
--- Suspeitei do Pheu Thai quando vi a foto. Por que eles conversaram com eles? Não tenho nada contra a bebida de menta e chocolate, mas queria mostrar que defendo o lado pró-democracia da política.
Há consumidor, contudo, que acha um exagero.
— É apenas uma bebida — afirmou o cliente Jitphanu Sitthisanguan, na cafeteria da sede da Pheu Thai, que acrescenta: — Não deveríamos envolver a bebida com questões políticas.
A política tailandesa tem um longo histórico de adoção de códigos de cores. Há cerca de 10 a 15 anos, o país estava profundamente dividido entre os "camisas amarelas" monárquicos e os "camisas vermelhas" que apoiavam Thaksin Shinawatra, fundador do partido precursor do Pheu Thai.
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Alguns críticos condenaram as medidas tomadas pelo senado nomeado pela junta para bloquear a candidatura do líder do MFP, Pita Limjaroenrat, ao cargo de primeiro-ministro. Mas, até agora, os protestos de rua foram limitados, diferentemente das grandes manifestações da era vermelha e amarela ou das manifestações lideradas por jovens em 2020.
Agora, grande parte da raiva tem sido manifestada on-line:
— A bebida de chocolate com menta que é popular agora, eu definitivamente não vou beber — afirmou um usuário de rede social.
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