Internacional
Rússia diz ter interceptado avião militar norueguês próximo ao seu espaço aéreo
A tensão entre integrantes da Otan e o Kremlin vive escalada constante desde o início da guerra na Ucrânia.
A Rússia afirmou, nesta segunda-feira , que um de seus caças MiG-29 impediu que um avião de patrulha norueguês P-8A Poseidon violasse sua fronteira na área do mar de Barents. Incidente ocorreu em meio a uma aproximação do teatro de guerra na Ucrânia em áreas territoriais da Otan no Mar Negro, e de crescente tensão fronteiriça entre a Bielorrússia de um lado e Polônia e Lituânia de outro — duas nações integrantes da aliança militar ocidental encabeçada pelos Estados Unidos.
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"Quando o caça russo se aproximou, o avião militar estrangeiro deu meia volta e voou para longe da fronteira da Federação Russa", informou o Ministério da Defesa, especificando que a aeronave norueguesa era um Boeing P-8A Poseidon, um avião de patrulha marítima. "Não foi permitida nenhuma violação da fronteira da Federação Russa", acrescentou.
A interceptação é uma manobra que envolve a escolta de um avião considerado muito próximo ou dentro do espaço aéreo. De acordo com o ministério russo, tudo ocorreu em cumprimento às regras internacionais, "sem cortar sua trajetória" ou "aproximações perigosas".
Os incidentes entre aviões russos e de países da Otan, incluindo a Noruega, se multiplicaram nos últimos anos, antes mesmo do início do conflito na Ucrânia. Aconteciam com frequência no mar Báltico, mas também no Mar Negro e em outros lugares.
O Exército norueguês disse em abril que rastreou e identificou, como parte de uma missão da aliança, um esquadrão russo composto por dois bombardeiros estratégicos e três caças no espaço aéreo internacional sobre o mar de Barents, no oceano Ártico. Nesta segunda-feira, o Exército russo relatou que vários de seus bombardeiros e caças estratégicos realizaram "voos planejados" sobre águas internacionais nos mares Báltico, Barents, Norueguês e Siberiano Oriental, Beaufort e Chukchi.
Tensão crescente nas fronteiras
A tensão entre aliados da Otan e o Kremlin vive uma escalada cada vez mais dinâmica desde o início da guerra na Ucrânia. O temor de que as pretensões expansionistas do presidente russo Vladimir Putin se estendessem para além de fronteiras da organização sempre existiu, especialmente nos países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia, que são ex-repúblicas soviéticas). Mas essa preocupação ganhou novos contornos após a invasão em larga escala do território ucraniano.
Desde o início do conflito, em fevereiro de 2022, a fronteira entre os integrantes da Otan e a Rússia mais que dobrou, com a adesão da Finlândia. Ao invadir a Ucrânia justamente alegando a intenção de conter a aproximação da influência do Ocidente de seu território, Moscou não esperava aumentar sua fronteira comum com o bloco ocidental em 1,3 mil quilômetros. Além disso, com o sinal verde dado pela Turquia para a entrada da Suécia durante a última cúpula da organização em julho, a aliança militar ganha também maior domínio sobre o Mar Báltico, crucial para as rotas navais russas.
O risco de incidentes militares entre unidades russas e de países da Otan também atingiu níveis preocupantes nas últimas semanas na região do Mar Negro, depois que Moscou suspendeu o acordo que permitia a livre circulação de grãos ucranianos, fechado após o início do conflito com ajuda das Nações Unidas e da Turquia. A Rússia atacou instalações e portos ucranianos na região, incluindo um armazém em uma região banhada pelo Rio Danúbio e muito próxima da Romênia (integrante da Otan).
Em outro front, o governo polonês decidiu enviar 4 mil soldados à fronteira com a Bielorrússia, onde o aliado de primeira hora de Moscou fez exercícios militares nos últimos dias, ao mesmo tempo em que mercenários do Grupo Wagner se dirigiram para o local. A Lituânia, que também faz fronteira com o território bielorrusso na mesma área considerada estratégica para a Rússia , mobilizou dois mil soldados para reforçar a segurança fronteiriça.
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