Internacional
Mulher de traficante nega segunda denúncia contra campanha de presidente: 'Não demos um peso'
A casa de Juan Carlos López Macías foi palco de uma festa na noite anterior à votação presidencial. Semanas depois, ele foi preso por liderar uma gangue que exportava cocaína
O presidente colombiano, Gustavo Petro, enfrenta outra acusação de financiamento supostamente ilegal da campanha que o elegeu no ano passado. A Caracol Televisión revelou neste domingo que o narcotraficante Juan Carlos López Macías e sua esposa, Sandra Navarro, organizaram uma festa na casa deles em Yopal, no departamento de Casanare, no Nordeste do país, para apoiar o candidato.
Foi no dia 28 de maio de 2022, véspera do primeiro turno, e funcionou como encerramento de campanha. No final de junho, o traficante foi preso por liderar uma quadrilha que exportava até três toneladas de cocaína por mês. Petro criticou o veículo, destacando, entre outras coisas, que não consultou os responsáveis pela campanha. Navarro, por sua vez, declarou nesta segunda-feira à Blu Radio que seu apoio se limitava à festa:
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— Não demos um peso à campanha eleitoral — disse.
López Macías, conhecido como "Sobrino", esteve preso nos Estados Unidos entre 2013 e 2015. Ele foi acusado de ser o braço direito de um importante traficante da região geográfica de Orinoquia, da Venezuela e da Colômbia, e aceitou as acusações.
Ao retornar à Colômbia, montou uma fachada como empresário de arroz e continuou suas atividades como narcotraficante: durante anos, a cocaína de sua organização saiu por Putumayo, Huila e Norte de Santander. Após sua captura, ele admitiu as acusações que o Ministério Público lhe imputara por suas atividades criminosas e, em abril de 2023, foi condenado a 15 anos de prisão.
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A sua esposa, que também foi detida, mas libertada, afirmou nesta segunda-feira que o marido não tem tanto poder quanto a mídia acredita, e que eles apenas agiram como cidadãos que apoiavam um dos candidatos.
Os vídeos e áudios revelados pela Caracol mostram que Navarro tinha uma forte simpatia pelo presidente Petro. Uma conversa interceptada entre um membro do grupo criminoso de López Macías e seu pai, nos dias que antecediam as eleições, revela a expectativa de que essa afinidade pudesse mitigar os riscos de que Sobrino fosse capturado.
— A esposa está profundamente envolvida com Petro. Que Deus queira que ele vença (...). A esposa desse homem é a chefe de campanha em Yopal e eles estiveram na casa de J. Alguém desse tipo é quem vai ajudá-lo — dizia o áudio.
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Fabio Vargas, que em 2021 foi porta-voz do partido de Petro, Colômbia Humana, no departamento, comenta em outra gravação que Navarro e a irmã deram "uma contribuição" para fazer propaganda política em favor do atual presidente.
Petro respondeu que nunca compareceu a nenhuma festa em Yopal — algo que a reportagem de domingo não diz — e que havia instruções para só aceitar contribuições na gestão nacional da campanha. Além disso, afirmou não conhecer Sonia Navarro e que a chefe da campanha na região era Sonia Bernal, hoje funcionária do Ministério do Interior. Conforme explicou, uma resolução do Colômbia Humana no início de 2023, meses após a campanha, detalha as tentativas do partido de impedir a infiltração de traficantes.
O presidente considera que tudo faz parte de uma manipulação da mídia contra ele.
"Já existem duas notícias completamente falsas. As cinco malas da [revista] Semana [o caso de Laura Sarabia e Armando Benedetti] e esta da Caracol. Eu não pensei que fossem tão baixos. Exijo imediatamente que corrijam essa informação falsa", escreveu ele no domingo.
Para Petro, os vazamentos vêm da mesma fonte que garantiu há alguns meses que o presidente deu 3 bilhões de pesos (cerca de US$ 720 mil, R$ 3,5 milhões) à sua então chefe de gabinete, Laura Sarabia. A intenção, segundo o presidente, é "a derrubada do governo" por dentro.
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Sonia Bernal esclareceu em comunicado que a direção da campanha em Casanare era da sua exclusiva responsabilidade, que Petro só fez uma atividade com camponeses no dia 13 de junho e que o dinheiro foi gerido pela gestão nacional. O embaixador no Reino Unido e bispo político de Petro, Roy Barreras, foi um dos que saiu para apoiá-la no X, antigo Twitter: "Conheço Sonia Bernal como uma líder empresarial honesta há uma década (...), sabemos quem foi a única coordenadora da campanha do Petro em Casanare".
Barreras, presidente do Senado na primeira legislatura de Petro, disse nesta segunda-feira que é comum que mafiosos busquem formas de "aproximar-se do poder" e proclamar seu apoio a um candidato, mesmo que ele não saiba quem são.
"É muito claro que a esposa do mafioso nunca teve acesso ao candidato ou ao nível central da campanha. Ela teve contato com um líder local do partido Colômbia Humana, Fabio Vargas, a quem não conhecemos", comentou, referindo-se ao líder ouvido em um dos áudios e que compareceu à festa. "Era impossível para Petro impedir ou mesmo descobrir essas manobras locais irresponsáveis e ilegais", acrescentou.
Esta não é a primeira acusação de financiamento irregular que Petro enfrenta. Além das especulações sobre as malas roubadas de Sarabia, existem acusações sobre a suposta entrada de dinheiro ilegal na campanha no Caribe. Esta última acusação veio do filho mais velho do presidente, Nicolás Petro, e abalou o governo nas últimas semanas.
Nicolás Petro afirmou que cooperará com o Ministério Público e apresentará evidências sobre o dinheiro que supostamente foi fornecido por figuras como o ex-narcotraficante Samuel Santander Lopesierra e o filho do contratante Alfonso "El Turco" Hilsasca. No entanto, ele esclareceu que seu pai não tinha conhecimento dessas contribuições.
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