Internacional
Milei apresenta responsável por fechar Banco Central argentino e propõe modelo de El Salvador para dolarização
Principal candidato presidencial da Argentina, líder de extrema direita detalhou à Bloomberg seus planos de governo, caso vença a corrida para a Casa Rosada em outubro
Principal candidato presidencial da Argentina, Javier Milei planeja entregar as chaves do Banco Central ao economista Emilio Ocampo, seu assessor informal no programa de dolarização, caso vença a corrida para a Casa Rosada em outubro. Em um hipotético governo do líder de extrema direita, Ocampo seria responsável por fechar a instituição financeira e ajudar nas negociações com o Fundo Monetário Internacional, que tem um programa de US$ 44 bilhões com o país.
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Milei conversou com a Bloomberg nesta quarta-feira, em Buenos Aires, por duas horas, e detalhou seu plano de trocar o peso argentino pelo dólar americano como forma de reduzir a inflação, que está em 113%, e reforçou as críticas ao Banco Central, que chamou de “o pior lixo que existe nesta Terra.”
— Os bancos centrais se dividem em quatro categorias: os ruins, como o Federal Reserve, os muito ruins, como os da América Latina, os terrivelmente ruins, e o Banco Central da Argentina — afirmou em sua primeira entrevista à imprensa estrangeira após a vitória inesperada, no domingo.
Além dos planos para encerrar as atividades do Banco Central, que Milei diz “não ter razão para existir”, o líder de extrema direita afirma que pretende dolarizar a economia argentina, uma medida que, segundo ele, estará entre as primeiras de seu mandato caso vença a eleição de 22 de outubro.
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A Argentina seguiria o modelo de El Salvador, permitindo que as pessoas escolhessem voluntariamente entre as moedas. Uma vez convertidos dois terços da base monetária, a economia se tornaria totalmente dolarizada, afirmou.
— Se ninguém quer ter pesos na Argentina, a questão é quanto valem os pesos em termos reais? Ninguém os quer, não estamos falando de água no meio do deserto. Estamos falando de algo que ninguém quer — comentou.
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O libertário radical disse ainda que faria todos os esforços para evitar um calote na dívida soberana do país e que seu ousado ajuste fiscal vai melhorar a reputação e o perfil de crédito da Argentina, tornando uma inadimplência desnecessária.
— Um déficit fiscal é imoral — declarou, acrescentando não ter planos de pedir mais dinheiro ao FMI. — Se você viver continuamente com um déficit fiscal, ficará insolvente.
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Seu plano inclui cortar gastos em pelo menos 13% do produto interno bruto antes de meados de 2025, reduzindo drasticamente o tamanho de obras públicas e o número de ministérios e removendo subsídios e restrições de capital que permitiriam às empresas realizar transações em dólares americanos.
— Farei todos os esforços para evitar um calote, obviamente — disse Milei. — Se você fizer o ajuste fiscal necessário, o financiamento estará lá.
O ex-congressista obteve mais votos do que a coalizão pró-empresarial liderada por Patricia Bullrich e o bloco peronista do ministro da Economia Sergio Massa, surpreendendo as pesquisas que esperavam que ele ficasse em terceiro lugar. Os investidores estão preocupados com o fato de o país estar caminhando para sua quarta liquidação da dívida nas últimas duas décadas.
Uma das principais preocupações dos mercados é que Milei, um político outsider, não conseguiria apoio para seus planos. O homem de 52 anos, que não hesita em criticar os políticos que diz terem roubado os argentinos há décadas, disse que convocaria referendos se não conseguisse um consenso legislativo para aprovar suas medidas.
— Se eu diminuir o risco cambial e diminuir o risco de crédito, isso significa que o risco-país vai despencar. Isso significa que os títulos vão literalmente voar — afirmou. — A verdade é que é uma equação bastante simples. Ou, se você comprar e segurar, por exemplo, os retornos em um ano seriam acima de 200%.
Na entrevista, Milei também criticou os líderes esquerdistas da China e da América Latina que ele considera “socialistas”, disse que buscaria deixar o bloco comercial do Mercosul e agiria rapidamente para desregulamentar os mercados de commodities.
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