Internacional
Conselho Eleitoral rejeita recurso de partido de Correa para barrar substituto de Villavicencio
Christian Zurita, jornalista e melhor amigo do candidato assassinado no Equador, aguarda a confirmação para entrar na corrida eleitoral a menos de uma semana da votação
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do Equador, autoridade eleitoral máxima do país, rejeitou um recurso apresentado pelo partido do ex-presidente Rafael Correa, o Revolución Ciudadana (RC), para barrar a candidatura do jornalista Christian Zurita como substituto de Fernando Villavicencio, assassinado com três tiros na cabeça na última quarta-feira.
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De acordo com a alegação da legenda correísta, Zurita não poderia ser candidato pelo Construye — partido de Villavicencio e cabeça de chapa na coalização presidencial — por supostamente estar inscrito no partido de centro-direita Renovación Total (Reto), duplicidade que é vedada pela legislação eleitoral.
Zurita, por outro lado, argumentou o que documento que o vinculava ao Renovación Total era falso e pediu ao CNE a sua nulidade para que possa concorrer ao primeiro turno das eleições presidenciais, marcadas para domingo.
O CNE aceitou a versão apresentada por Zurita, disse à imprensa Diana Atamaint, presidente da entidade. A oficialização da sua candidatura, porém, só será confirmada pelo órgão às 20h do horário local (22h no horário de Brasília).
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"O correísmo novamente tenta nos silenciar, confirma seu temor à nossa candidatura", afirmou o Construye no Twitter. "A reação vil e desesperada do correísmo em todos os dias posteriores ao assassinato [de] Fernando, incluída esta impugnação, é a confirmação de que somos a candidatura mais temida pelas máfias", acrescentou o partido.
Em pesquisas de intenção de voto anteriores à morte de Villavicencio, o Construye chegou a aparecer na segunda posição, atrás da correísta Luisa González, segundo o instituto Cedatos. No último levantamento antes da sua morte, feito pelo jornal El Universo, o candidato estava em quinto, mas com uma margem pequena em relação aos adversários na sua frente.
—Estamos a poucas horas de que se oficialize a candidatura de Christian Zurita e Andrea González [vice na chapa] — comemorou Zurita em Guayaquil.
Por ainda não estar habilitado como presidenciável, ele não participará do debate oficial na noite de domingo, no qual estarão outros sete candidatos.
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Zurita, de 53 anos, é um jornalista premiado com uma ampla experiência em investigações que geraram impacto político no Equador. Era também o melhor amigo de Villavicencio.
Segundo o El Universo, os dois se conheceram há mais de 25 anos nas salas de aula universitárias. Os dois fundaram, juntos, um portal de jornalismo investigativo no Equador, onde publicaram várias investigações que revelaram tramas de corrupção relacionadas, principalmente, ao governo do ex-presidente Rafael Correa (2007-2017).
Foi ao lado de Villavicencio que o novo candidato do Construye — que apareceu na coletiva vestindo colete à prova de balas, assim como González — desvendou, o caso de corrupção que resultou na condenação de Correa a oito anos de prisão em abril de 2020 — e que hoje vive como asilado na Bélgica.
Também jornalista e crítico do correísmo, Villavicencio foi assassinado com três tiros na cabeça na quarta-feira da semana passada ao sair de um comício no auditório de uma escola em Quito, capital do país. Antes do atentado, ele acusou o líder preso da organização criminosa Los Choneros de tê-lo ameaçado de morte, mas as investigações ainda não apontaram o mandante do crime que chocou o mundo.
Como membro da Assembleia Nacional — dissolvida em maio pelo presidente Guillermo Lasso numa manobra constitucional inédita conhecida como "morte cruzada", que motivou a antecipação das eleições —, Villavicencio denunciou diversos parlamentares, entre eles políticos ligados a Correa, por envolvimento em um plano para assassiná-lo (Com AFP).
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