Internacional
Justiça russa manda dissolver renomado Centro Sakharov de defesa dos direitos humanos
Governo Putin avança em ofensiva contra dissidentes e organizações e no controle estrito da narrativa histórica russa
Um tribunal de Moscou ordenou, nesta sexta-feira, a dissolução do Centro Sakharov, o museu e centro cultural responsável por guardar o legado do físico nuclear e ganhador do Prêmio Nobel da Paz Andrei Sakharov e que era um dos últimos bastiões da defesa dos direitos humanos na Rússia. Desde o início da guerra na Ucrânia, o Kremlin intensificou seu avanço sobre as liberdades de expressão e dissidência política, com um controle cada vez mais estrito da narrativa histórica do país.
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Em comunicado, o tribunal alegou que a associação organizou ilegalmente conferências e exposições fora de sua "zona de atividade" regional, estipulada em seus estatutos. O centro fundado em 1996 era palco de debates e eventos culturais e abrigava um museu sobre os crimes cometidos pelo regime nos tempos da antiga União Soviética.
Em abril, a entidade já havia sido obrigada a deixar a histórica sede em Moscou, onde milhares de pessoas se reuniram para o velório de Boris Nemtsov, proeminente opositor ao governo de Vladimir Putin assassinado em 2015.
Também em abril, o Ministério da Justiça russo abriu o processo de “verificação” da organização, que já havia sido classificada como “agente estrangeira” e avisada, em janeiro, que deveria abandoar o prédio na capital russa.
Mão de ferro sobre dissidentes
Pelo menos duas outras associações de defesa dos direitos humanos foram dissolvidas esse ano pelo mesmo argumento legal. Em janeiro, o mesmo tribunal ordenou o fechamento da ONG Helsinki Group, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos na Rússia, e em abril a justiça dissolveu o Centro Sova, especializado no estudo do racismo e da xenofobia.
E não são apenas as organização os alvos internos de Putin. No inicio do mês, a justiça russa condenou o opositor Alexei Navalny a uma pena adicional de 19 anos de prisão por promover o "extremismo", elevando a sentença total do principal nome da oposição ao presidente Vladimir Putin a 28 anos. Navalny já cumpre 9 anos de reclusão por fraude e está preso desde janeiro de 2021.
O ativista anticorrupção de 47 anos era um dos poucos nomes de uma oposição real a Putin na Rússia. Ele foi preso logo que chegou ao país após passar por tratamento médico na Alemanha, em 2021. Navalny quase morreu ao ser envenenado, em 2020, após entrar em um voo na Sibéria, em um episódio que autoridades ocidentais classificaram como tentativa de assassinato.
Especialistas afirmaram que ele foi exposto à substância Novichok, usada como arma química e desenvolvida na antiga União Soviética. O Kremlin nega qualquer participação no caso. Depois da detenção de Navalny, a sua organização, o Fundo de Luta contra a Corrupção (FBK), foi alvo de severa perseguição judicial.(Com AFP)
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