Internacional
Números preliminares apontam para segundo turno entre Luisa González e Daniel Noboa no Equador
Com cerca de 65% das urnas apuradas, candidata ligada ao ex-presidente Rafael Correa não obteve votos suficientes para vencer no primeiro turno
Resultados preliminares apontam para um segundo turno entre Luisa González, do Renovação Cidadã, e Daniel Noboa, filho do magnata e ex-candidato Álvaro Noboa, depois das eleições de domingo no Equador. Com 65% dos votos apurados, González, que tem o apoio do ex-presidente Rafael Correa, tem 33% dos votos, enquanto Noboa vem em segundo, com 24%.
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A votação ocorreu em um clima de muita tensão e com um esquema de segurança inédito, com policiais e militares controlando o acesso aos locais de votação, incluindo com detectores de metais, e com o fechamento de ruas em áreas onde candidatos foram votar. Segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA), não foram registrados incidentes mais sérios ao longo do dia, algo corroborado pelas autoridades locais. O comparecimento às urnas foi de 82,26%, segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
— É algo histórico o que aconteceu hoje — disse, em entrevista coletiva, Diana Atamaint, presidente do CNE. Contudo, ela também reconheceu problemas com o sistema de votação pela internet, usado pelos equatorianos no exterior. Segundo o CNE, dos 123.259 eleitores registrados em postos no exterior, apenas 51.255 votaram de fato.
Em declarações logo depois do início da divulgação dos resultados, González ressaltou o seu desempenho no primeiro turno.
— É a primeira vez na História do Equador que uma mulher consegue tal resultado no primeiro turno — disse a candidata. — Hoje se começa a marcar uma História distinta, de fé, de esperança, de dias melhores, de dignidade para todo o povo.
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De acordo com os números do Conselho Nacional Eleitoral, Christian Zurita, que concorre na chapa que era de Fernando Villavicencio, assassinado no dia 9 de agosto, aparece na terceira posição, com 16% dos votos. Zurita, um jornalista investigativo e que manteve a plataforma anticorrupção de Villavicencio, foi votar usando um colete à prova de balas e acompanhado por uma escolta armada.
Já o candidato Jan Topic, ex-paraquedista e apelidado de "Rambo" por conta de seu discurso de combate à criminalidade, aparece em quarto lugar, com 14% dos votos. Ele chegou a surpreender na reta final da campanha, e alguns analistas afirmavam que ele tinha chance de estar em um segundo turno, algo que não parece perto de se concretizar.
"Foi muito gratificante conhecer milhares de vocês nas diferentes províncias de nosso país. Aceito os resulyados das eleições não sem antes destacar o excelente desempenho da campanha de Daniel Noboa na última semana", escreveu Topic, em nota divulgada depois do início da apuração. "O Equador vive sua pior crise de insegurança, esperamos que o próximo líder possa resgatar nossa república."
Outro nome de destaque da votação foi o líder indígena Yaku Pérez, que ficou em terceiro na eleição de 2021, e que protagonizou uma série de acusações de fraude, jamais comprovadas — na ocasião, ele disputou voto a voto um lugar no segundo turno com Guillermo Lasso, que acabaria se elegendo presidente. Agora, amarga um distante sexto lugar, com menos de 4% dos votos.
A votação acontece cerca de três meses depois de Guillermo Lasso fazer uso de um mecanismo constitucional que jamais havia sido usado, a chamada "morte cruzada", quando o presidente se destitui do cargo e também destitui o Legislativo. Lasso não tinha apoio entre os parlamentares, e estava perto de sofrer um impeachment, e a "morte súbita" foi uma solução para evitar o prosseguimento do processo.
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Cabe ressaltar que a votação determinará os ocupantes dos cargos até o fim dos atuais mandatos, ou seja, quem for eleito ou neste domingo ou no dia 15 de outubro, quando acontece o segundo turno, ficará nos cargos apenas até 2025, quando acontecerão novas eleições.
O Equador vive uma grave crise social. Cerca de 27% dos equatorianos vivem em estado de pobreza, e recorrentes movimentos populares, como o visto no ano passado, liderado por organizações indígenas, são retratos da instabilidade vivida pelo país. A crise de segurança, protagonizada por grupos criminosos que passaram a usar o Equador como posto de transporte de drogas para a Europa, EUA e Ásia, tornaram tiroteios, assassinatos e massacres algo relativamente comum. Muitos desafios que devem ser enfrentados pelo novo ou pela nova presidente.
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