Internacional
Lula defende entrada da Argentina nos Brics, mas não cita outros postulantes
O presidente Lula defendeu nesta terça-feira a entrada da Argentina nos Brics. Mais cedo, o presidente afirmou que que quer criar "um banco muito forte" com "outro critério para emprestar dinheiro para os países" e criticou a política do FMI. Lula deu a declaração durante sua live semanal. Nesta semana, a trasmissão é feita na África do Sul, durante reunião dos Brics.
— Eu defendo que os nosso irmãos da Argentina possam participar dos Brics. Eu defendo isso, vamos ver na reunião como fica. Mas eu defendo porque é muito importante a Argentina estar nos Brics — afirmou Lula, completando: — A gente está construindo isso. Penso que desse encontro aqui deve sair uma coisa muito importante sobre a entrada de novos países. Eu sou favorável a entrada de vários países. A gente vai se tornar forte, a gente quer criar um banco muito forte, que seja maior do que o FMI, mas que tem outro critério para emprestar dinheiro para os países. Não de sufocar, mas de emprestar na perspectiva de que o país vai criar condições de investir o dinheiro, se desenvolver e pagar.
Lula afirmou que o dinheiro emprestado pelo FMI "é quase um cabresto", que prende o país e dificulta a saída da crise financeira.
— Quando tem uma crise em qualquer país pequeno, seja da África ou da América Latina, o FMI resolve dar palpite, falar, quando na verdade ele deveria ajudar. [...] O dinheiro que ele põe lá é quase como se fosse um cabresto. O país fica preso àquilo, não consegue sair e a gente pode ver isso na situação da Argentina. Como está difícil por causa do empréstimo que foi feito por causa de interesse político do FMI.
O presidente voltou a defender o uso de uma moeda comum para o comércio entre países. Lula afirmou que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em conversas com a Argentina, identificou que a moeda chinesa poderia ser uma solução para as relações comerciais entre os dois países.
— Nós defendemos a questão de uma unidade de referência, na verdade, uma moeda, que seja a referência de fazer negócios, para que você não precise de uma moeda de outro país. Por que eu faço negócio com a China e eu preciso ter dólar para fazer o negócio? Os países têm tamanho suficiente para fazer negócios em sua moeda ou em outra unidade de contas, sem desvalorizar a moeda da gente. Não é negar o dólar — afirmou Lula, completando:
— Agora mesmo, na Argentina, nessa situação, o Haddad estava conversando com a Argentina. E é possível a gente ajudar a Argentina tendo como moeda o yuan (moeda chinesa), sabe? Fazer uma coisa diferente, mais madura e menos pragmática como é as regras estabelecidas hoje, que só favorecem o sistema financiero
Conselho de Segurança
O presidente Lula defendeu ainda a entrada de novos países como membros permanentes no Conselho de Segurança da ONU. Durante sua live semanal, Lula afirmou que é preciso convercer a Rússia e a China durante reunião dos Brics a apoiar a entrada do Brasil, da Índia e da África do Sul como membros. Os dois países já têm assento no colegiado internacional.
— O Brasil reivindica que vários países possam entrar no Conselho de Segurança da ONU como membros permanente. O Brics tem quatro países e só dois são membros permanente. É preciso que a gente convença a Rússia e a China que Brasil, África do Sul e a Índia possa entrar no Conselho de Segurança. Esse é um debate que vamos discutir inclusive para possibilitar a entrada de novos países. A gente tem que limitar uma coisa que todo mundo concorde — afirmou Lula.
Outras lives
Pensado para tentar engajar apoiadores do governo nas redes sociais, o programa tem sido transmitido todas as terças-feiras, pela manhã, geralmente do Palácio da Alvorada. Além das suas próprias páginas na rede social, Lula tem usado também a página nas redes sociais da TV Brasil e no canal da TV, empresa pública de televisão, que é destinada para divulgar ações do governo.
Na semana passada, Lula afirmou que vai conversar “com quem for necessário” no Congresso Nacional e que o governo precisa dialogar "com quem tem voto" para conseguir aprovar os projetos e aumentar a governabilidade. O Planalto já confirmou a entrada do PP e do Republicanos na esplanada dos ministérios na tentativa de ampliar o apoio no Congresso Nacional.
Lula ainda defendeu a aproximação com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e afirmou que o governo precisa da aliança com o parlamentar.
— O Lira precisa menos de mim do que eu dele. O Lira não manda projeto para mim, o Lira não precisa pedir nada para mim. Eu é que tenho que mandar o projeto de lei que os ministros acham importante e chega lá tem que ser aprovado. Então nós é que temos que ter a iniciativa de conversar — afirmou, completando: — Eu vou conversar com quem for necessário conversar.
Sobre meio ambiente, o presidente voltou a cobrar nesta segunda-feira os países ricos pela ajuda financeira para proteger a Amazônia. Lula afirmou que é um "pagamento de uma dívida com o planeta Terra" por terem começado o processo de poluição anos antes dos países em desenvolvimento.
Lula afirmou ainda que durante a próxima cúpula dos BRICS vai voltar a discutir sobre a desigualdade e sobre a questão da paz e o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia. A próxima reunião será entre os dias 22 e 24 de agosto, em Joanesburgo.
— Nos BRICS vamos discutir a questão da desigualdade. Temos que discutir a questão da paz. Não é possível que a gente não discuta, não é possível que não haja um momento em que a Rússia e a Ucrânia sentem para conversar e parem de se matar. Uma guerra que só destrói aquilo que demorou anos para ser construído. É preciso encontrar um caminho.
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