Internacional
União Africana suspende Níger, mas demonstra cautela sobre possível intervenção militar
Conselho de Paz e Segurança da UA defende via diplomática para solucionar a crise após o golpe militar que derrubou o governo nigerino
A União Africana (UA) suspendeu o Níger, nesta terça-feira, na esteira do golpe que derrubou o presidente eleito democraticamente do país e levou o bloco de nações da África Ocidental (Cedeao) a aprovar uma intervenção militar para restaurar o governo deposto. No mesmo comunicado, a UA também manifestou reservas sobre a possível intervenção estrangeira.
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O Conselho de Paz e Segurança da União Africana se reuniu em 14 de agosto, mas a decisão só foi publicada nesta terça. No comunicado, o bloco afirma que decidiu "suspender imediatamente a participação da República do Níger de todas as atividades da UA e dos seus órgãos e instituições até o efetivo restabelecimento da ordem constitucional no país".
No texto, o Conselho de Paz e Segurança também declara ter “tomado nota” da decisão da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) de "implantar uma força" no Níger para restaurar a ordem, mas defende uma "avaliação das implicações econômicas, sociais e de segurança" dessa implantação.
Na sexta-feira, os chefes de Estado-Maior dos países da Cedeao aprovaram o plano operacional para uma possível intervenção militar no Níger e anunciaram que foi definida uma data para a ação, sem divulgar o cronograma. Na declaração divulgada nesta terça, a UA enfatizou a preferência por uma solução pela via diplomática e expressou apoio ao "compromisso sustentado da Cedeao para restaurar a ordem constitucional por meios diplomáticos".
'Cinturão golpista': com Níger, África subsaariana sofre seis golpes de Estado em três anos
No sábado, uma delegação da Cedeao liderada pelo presidente da Nigéria, Abdulsalami Abubakar, foi recebida pelo primeiro-ministro golpista, Ali Mahaman Lamine Zeine, no aeroporto internacional da capital, antes da reunião com os dois lados do conflito interno. No mesmo dia, Tiani, alertou que qualquer agressor teria que enfrentar “26 milhões de nigerinos”. Dezenas de jovens se apresentaram para alistamento militar no fim de semana, respondendo a uma convocação dos golpistas.
Desde 2020, Mali, Guiné e Burkina Faso sofreram golpes de Estado na África Ocidental. O Níger é o quarto país da região a passar pela mesma situação. Todos são países localizados na empobrecida região africana do Sahel, que fica entre o deserto do Saara e a savana do Sudão, e já sofre com a instabilidade provocada pela violência de grupos jihadistas.
Antes do golpe, o Níger era um dos últimos países desta área que mantinha laços próximos com o Ocidente (tem tropas dos Estados Unidos e França em seu território). Na segunda-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou que o número de crianças que precisam de ajuda humanitária no país subiu para dois milhões depois da crise provocada pelo levante militar. (Com AFP)
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