Internacional
Rei da Espanha pede a líder da direita para tentar formar governo
Alberto Núñez Feijóo não tem maioria no Parlamento e indicação pode fracassar e abrir caminho para o atual premier tentar se manter no poder
AO rei da Espanha, Felipe VI, autorizou o líder da direita, Alberto Núñez Feijóo, a tentar obter apoio no Parlamento para ser indicado primeiro-ministro do país, após as reuniões de consultas com ele e com o atual premier, o socialista Pedro Sánchez, entre outras lideranças partidárias, como prevê o regime parlamentarista espanhol. O Partido Popular(PP) de Feijóo foi o mais votado nas eleições gerais de 23 de julho, mas ele não tem, até agora, o apoio suficiente de parlamentares para ter a maioria de 176 cadeiras necessária à formação de governo. Em um cenário inédito na Espanha, nenhum dos dois candidatos ao cargo chegou ao Palácio da Zarzuela com maioria parlamentar garantida.
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Mesmo sem contar com o número mínimo de cadeiras, Feijóo se apresentou ao monarca, nesta terça-feira e pediu para ser escolhido. Sánchez também foi ao Palácio da Zarzuela dizer o mesmo. O rei decidiu escolher o mais votado em respeito ao "costume".
Em coletiva de imprensa, antes do anúncio da decisão, o premier espanhol disse que iria aceitar qualquer posição do rei, que é o chefe de Estado, mas defendeu que o movimento do rival apenas provocaria demora no processo político.
— Seria uma investida fracassada. Há apenas uma maioria possível— disse Sánchez, segundo o El País.
Como prevê a Constituição espanhola, após consultar os candidatos a primeiro-ministro, o rei deve convocar a presidente do Congresso para comunicar o nome escolhido. Já era noite em Madri quando a nova presidente da Câmara dos Deputados, Francina Armengol, anunciou a decisão real. A eleição dela para o terceiro cargo mais importante na hierarquia do país foi considerada por analistas como um prenúncio de que o Partido Socialista Operário Espanhol (Psoe) de Sánchez poderá conseguir unir uma coalizão de legendas de esquerda, com o apoio dos independentistas, para mantê-lo no poder.
Para eleger Armengol, o Psoe conseguiu o apoio crucial do mais duro dos partidos nacionalistas regionais, o Junts (Juntos pela Catalhunha), que se tonou o fiel da balança pela matemática eleitoral atual. Com os sete deputados do Juns, Armengol foi eleita com 178 votos, dois a mais do que o necessário para obter maioria na casa (que tem 350 cadeiras). Mas o líder do Junts, Carles Puigdemont, deixou claro que uma possível aliança para o governo dependeria de uma nova negociação. A atual coalizão de esquerda que governa a Espanha não tem maioria sozinha.
Já o PP de Feijóo tem apenas 172 cadeiras, contando com o apoio da extrema direita do Vox. O líder do Vox, Santiago Abascal, que também foi consultado pelo rei, confirmou nesta terça a aliança “com restrições” com o PP.
'Prática é costume'
Em um comunicado divulgado pouco depois das declarações de Armengol, a Casa do Rei anunciou que Feijóo se dispôs a tentar formar governo, frisando que o PP foi o partido mais votado nas eleições gerais — um dos argumentos que o líder da legenda usou para justificar seu pedido ao rei. O comunicado reforça que, em praticamente todas as legislaturas espanholas, a prerrogativa de ser indicado candidato a premier foi concedida primeiro ao líder do partido mais votado. “Esta prática se tornou um costume com o passar dos anos”, diz o texto.
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No passado, a Espanha vivia um quadro político em que esquerda e direita se alternavam no poder por meio de governos de maioria de um único partido. Nos últimos anos, as bases partidárias se fragmentaram e tornou-se necessário formar coalizões para governar, mas nunca o quadro foi tão incerto quanto nas eleições deste ano.
A presidente do Parlamento indicou que entraria em contato ainda nesta terça como Feijóo para conversar sobre a data do debate parlamentar. Na coletiva de imprensa antes do anúncio, o líder de direita havia dito que, se fosse escolhido, começaria a negociar com diversos partidos, na próxima segunda-feira. Caso ele não consiga o apoio necessário, a lei espanhola prevê a realização de novas eleições em dois meses — a não ser que Sánchez consiga constituir maioria nesse período e se manter no Palácio de La Moncloa. (Com El País e AFP)
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