Internacional
Trump troca defesa que negociou fiança de R$ 974 mil e contrata 'advogado dos rappers' na Geórgia
Ex-presidente dos EUA, no entanto, deve ser detido e imediatamente liberado de prisão do estado
Pouco antes de ir a uma prisão de Atlanta, onde será autuado por 13 acusações criminais e baterá uma "foto de réu", Donald Trump trocou sua equipe de advogados na Geórgia, acrescentando Steve Sadow, um veterano da defesa criminal famoso pela atuação em casos polêmicos no estado e pela representação de rappers como T.I., Rick Ross e do cantor Usher.
Sadow apresentou um documento ao tribunal nesta quinta-feira afirmando que ele agora era o "principal advogado de Donald John Trump". A decisão de Trump ocorre logo depois de um de seus defensores, Drew Findling, e suas duas colegas no caso da Geórgia, Jennifer Little e Marissa Goldberg, negociarem uma fiança de US$ 200 mil (R$ 974 mil) para o ex-presidente americano.
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Trump é um dos 19 acusados por suposto envolvimento num "empreendimento criminoso" que procurava anular a derrota de Trump nas eleições de 2020 na Geórgia. Espera-se que Findling seja demitido, de acordo com uma fonte do "New York Times". Jennifer Little deve ser mantida na equipe.
A principal preocupação de Trump, segundo a fonte, era querer uma equipe jurídica mais "sofisticada". Sadow disse em um comunicado que Trump "nunca deveria ter sido acusado" e declarou que o ex-presidente é "inocente".
"Os processos destinados a promover ou servir as ambições e carreiras dos opositores políticos do presidente não têm lugar no nosso sistema judicial", disse ele.
Quem é Steve Sadow
Sadow é conhecido nos círculos jurídicos de Atlanta como um dos advogados de defesa criminal mais talentosos da cidade. Assim como Findling, Sadow representou rappers, incluindo T.I., Rick Ross e o cantor Usher.
Sadow representou o rapper Gunna, cujo nome verdadeiro é Sergio Kitchens, em um caso de grande repercussão no condado de Fulton. Kitchens declarou-se culpado em dezembro de uma acusação de extorsão no caso contra Young Slime Life, ou YSL, um coletivo de hip-hop de Atlanta. Ele foi libertado depois que sua sentença inicial de cinco anos foi comutada para tempo de serviço.
Há mais de duas décadas, Sadow era presença constante nas reportagens sobre um escândalo envolvendo um clube de strip-tease de Atlanta chamado Gold Club. Segundo promotores federais, o local tinha ligações com a família Gambino, de Nova York, e era um antro de prostituição e fraude. Sadow representou o proprietário do clube, Steven E. Kaplan, que se declarou culpado de uma acusação de extorsão, num resultado que Sadow chamou de "um negócio muito bom para todos os envolvidos".
Sadow deve ocupar o lugar de Findling, que já defendeu outros rappers, como Cardi B, Gucci Mane e Migos. Assim como Findling, Sadow expressou publicamente dúvidas sobre o político Trump no passado. Numa troca de farpas com o ex-diretor do FBI James Comey, em 2017, no Twitter, Sadow fez questão de ressaltar que "não era um apoiador do DT".
Trump se entrega em prisão da Geórgia
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump se apresentará nesta quinta-feira à Justiça e permanecerá detido por alguns minutos em uma prisão do estado da Geórgia, depois de ser acusado de tentar fraudar eleição de 2020. O fato promete ser um daqueles momentos históricos que deixam o país em suspense.
Embora esta seja a quarta acusação criminal contra ele em poucos meses, o favorito para conquistar a indicação republicana nas eleições de 2024 deve enfrentar desta vez a exigência de comparecer a uma prisão superlotada e insalubre, diante das câmeras dos meios de comunicação de todo o mundo.
"É incrível. Vou para Atlanta, Geórgia, na quinta-feira para ser PRESO por um promotor de esquerda radical", protestou o empresário em sua plataforma Truth Social, referindo-se ao caso como "interferência eleitoral".
A estadia na prisão, no entanto, será, breve. Assim como os demais 18 acusados, Trump deve ser detido e imediatamente liberado, após o pagamento da fiança.
A norma prevê que as impressões digitais do ex-presidente sejam registradas. O ex-chefe de Estado também pode ser obrigado a passar pela "mugshot", a fotografia dos réus, uma prática que ele conseguiu evitar nas ocasiões anteriores em que se apresentou às autoridades devido a sua notoriedade.
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Patrick Labat, xerife do condado de Fulton, que inclui Atlanta, pretende tratar todos os acusados da mesma maneira.
— Não importa a condição, estaremos prontos para fotografá-los — declarou.
‘Uma farsa’
Os demais acusados no processo contra Trump que se apresentaram às autoridades foram fotografados e as imagens estão circulando em programas de televisão e nas redes sociais.
Entre eles está o ex-prefeito de Nova York e ex-advogado de Trump Rudy Giuliani, que teve a fiança fixada em US$ 150 mil (cerca de R$ 730 mil) e que compareceu na quarta-feira à prisão Rice Street.
— Esta acusação é uma farsa — declarou Giuliani ao sair da prisão.
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Os 19 acusados têm até meio-dia (13h de Brasília) de sexta-feira para que se entreguem às autoridades. Eles devem retornar ao tribunal na semana de 5 de setembro, presumivelmente para anunciar se se declaram culpados ou não.
A procuradora Fani Willis deseja que o julgamento aconteça em março de 2024.
Um grande júri nomeado pela procuradora acusou Trump e outras 18 pessoas por tentativa ilegal de obter a anulação do resultado das eleições de 2020, vencidas neste estado-chave pelo atual presidente, o democrata Joe Biden.
Trump é alvo de quatro acusações criminais, duas a nível federal, em Washington e na Flórida, uma no estado de Nova York e outra na Geórgia.
Cada processo, no entanto, rende milhões de dólares em doações, feitas por apoiadores convencidos de que ele é vítima de uma "caça às bruxas".
Todos os acusados no caso da Geórgia são processados com base em uma lei de combate ao crime organizado, que prevê penas de cinco a 20 anos de prisão.
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