Internacional

Carros-bomba e ataques com granadas abalam a capital do Equador

Ataques foram direcionados a repartições da SNAI, organização equatoriana responsável pelas prisões no país

Agência O Globo - 31/08/2023
Carros-bomba e ataques com granadas abalam a capital do Equador

Quito, capital equatoriana, foi alvo de ataques incomuns com granadas e de ao menos dois atentados com carros-bomba contra repartições do Serviço Nacional de Atenção Integral a Pessoas Adultas Privadas de Liberdade e a Adolescentes Infratores (SNAI, em espanhol) na noite desta quarta-feira. A autoridade é responsável pelas prisões no país, e a polícia não descarta a transferência de presos como estopim. Não houve vítimas, segundo os bombeiros.

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Os dois carros-bomba, um sedã e uma caminhonete, carregavam botijões de gás, observou um fotógrafo da AFP. Um deles explodiu em frente à atual sede da agência SNAI e o outro ao pé de um prédio que anteriormente abrigava os escritórios da SNAI. Além disso, três granadas explodiram em Quito, informou o prefeito Pabel Muñoz por meio da rede social X, antigo Twitter.

O diretor de Investigação Antidrogas da polícia, o general Pablo Ramirez, disse aos repórteres que o sedã tinha "dois cilindros de gás com combustível, fusível lento e aparentemente bastões de dinamite".

Seis pessoas, incluindo um cidadão colombiano, foram presas a vários quilômetros do local de uma das explosões, de acordo com Ramírez. Os detidos têm antecedentes por extorsão, roubo, assassinato e estão supostamente ligados ao ataque, acrescentou.

— Três deles foram presos havia 15 dias pelo roubo de um caminhão e sequestro com pedido de resgate em diferentes partes da cidade e foram libertados com medidas alternativas — informou o general.

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O sedã e a van foram destruídos. De acordo com a polícia, dois homens em motocicletas "supostamente jogaram líquido inflamável" no sedã estacionado, que estava carregado com dois cilindros de gás.

Embora assassinatos, sequestros e extorsões sejam comuns no Equador, esse tipo de ataque é raro na capital equatoriana.

Transferência de presos

Ramírez disse que a mudança de prisão para os detentos "poderia ser" o que causou a explosão dos carros-bomba no local. Na quarta-feira, o SNAI transferiu prisioneiros para outras penitenciárias para evitar confrontos entre gangues de drogas.

Os ataques, que começaram em uma área comercial da capital, são mais uma demonstração do poder do crime organizado em um país cada vez mais violento, que até poucos anos atrás era um oásis de paz entre a Colômbia e o Peru, os dois maiores produtores de cocaína do mundo.

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Em janeiro de 2018, um carro-bomba explodiu do lado de fora de um quartel da polícia em uma cidade equatoriana na fronteira com a Colômbia (norte), ferindo levemente 23 pessoas.

Rebeliões

Diante da guerra travada por organizações aliadas aos cartéis mexicanos e colombianos, o presidente Guilherme Lasso decretou em 24 de julho um estado de emergência de 60 dias para todo o sistema penitenciário do Equador, o que lhe permitiu enviar os militares para controlar as prisões.

Sob esse mandato, centenas de soldados e policiais intervieram nesta quarta-feira para procurar armas, munição e explosivos em uma prisão localizada na cidade andina de Latacunga (sul), uma das principais prisões do país e um dos palcos dos assassinatos entre prisioneiros.

Em protesto contra a intervenção, os presos da prisão na cidade andina de Cuenca, no sul do país, detiveram os agentes penitenciários. O SNAI disse, sem especificar se eles haviam sido libertados, que "os guardas detidos estão em boas condições".

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A cidade portuária de Guayaquil (sudoeste), a segunda maior do Equador, tornou-se um bastião da violência das drogas, que se intensificou com carros-bomba, massacres em prisões, corpos desmembrados pendurados em pontes, sequestros e extorsão.

As gangues de drogas, que usam as prisões como centros de operações, também entram em conflito nas ruas, onde a taxa de homicídios subiu para um recorde de 26 por 100 mil habitantes em 2022, quase o dobro do ano anterior.

Desde 2021, o Equador, localizado entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores de cocaína do mundo, apreendeu cerca de 530 toneladas de cocaína.

Reflexo nas eleições

A violência está aumentando em meio à campanha eleitoral presidencial do Equador, antes do segundo turno eleitoral em 15 de outubro. Um dos candidatos favoritos, o jornalista Fernando Villavicencio, de 59 anos, foi assassinado com três tiros na cabeça enquanto deixava um comício eleitoral em Quito, no dia 9 de agosto.

Villavicencio, que aparecia entre quarto e quinto lugar nas pesquisas entre os candidatos à sucessão de Lasso, apresentava-se aos eleitores como um combatente à corrupção sob o slogan "É hora dos corajosos".

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Uma de suas principais propostas de governo era a implementação do Plano Nacional Antiterrorismo, que começaria com a identificação das estruturas mais perigosas que operam no Equador: tráfico de drogas, mineração ilegal, corrupção e suborno, ligadas entre si e à política, a fim de combatê-las.