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Exemplar figura com virtudes e defeitos
Ao lograr aprovação em Engenharia Civil, sabia ter cumprido a parte mais fácil da jornada como discente da UFAL, até porque enfrentaria ferozes disciplinas, dentre elas Resistência dos Materiais, cujo titular era a lenda Arlindo Cabus.
Lembro a primeira vez com ele encontrei, o medo, como forma de fria paixão, tomou conta de meu pensar, o grande desafio a ser superado sendo a única saída, absorver seus ensinamentos, sempre baseados em um livro escrito por Timoshenko.
Ao longo da minha vida escolar, sempre me classifiquei como aluno cobra, aquele que mesmo se arrastando consegue ser aprovado, e entendia naquela empreitada, a meta dar o melhor de mim, para firmar meu rastro com satisfação.
A turma por mim frequentada era repleta de reprovados em semestres anteriores. Ser credenciado ao exame final era vitória, e ao término da jornada, lá cheguei ao exame final carecendo de pouco mais de quatro pontos.
No dia marcado, em sala ocupada no início do período por mais de cem colegas, agora doze ainda viviam a esperança de serem aprovados. Lembro o enunciado do quesito único, descrevendo certo cachimbo em concreto, fincado em parede de igual matéria.
Havendo desenvolvido a questão por todo o tempo disponível, minhas esperanças eram enormes. Quinze dias depois o professor Cabus reuniu a todos para divulgar os resultados e ao ditar o meu nome, simplesmente falou: zero. O choque foi enorme. Tinha a certeza haver encontrado a resposta buscada.
Dias após ele me falou, estarem os cálculos realizados corretos, porém quando montei o raciocínio matemático, considerei equivocadamente forças crucias à sustentação da estrutura. Fosse na vida real aquele complexo desmoronaria, ceifando vidas.
Semestre seguinte, com mais cautela e dedicação, consegui a aprovação. Arlindo Cabus, era considerado o símbolo da exigência, apesar de educado, oferecia pouca intimidade aos alunos. Responsável ao extremo, como docente buscava a perfeição.
Confesso, que apesar dos momentos de agonia vivido, das inúmeras horas nele pensando, nem sempre de forma altruísta, Arlindo Cabus, foi das pessoas importantes com as quais convivi em sala de aula, e de quem tempos depois, também já como professor da UFAL, procurei me aproximar e na medida do possível aprender.
Sem nunca deletar a influência do marcante zero em minha vida, recordo entendi que no meu caso Cabus estava certo, quando sendo um dos seus auxiliares, na coordenação do vestibular, o tema da redação daquele ano foi o seguinte: “a importância do lazer na vida do homem”. Milhares de concorrentes, ao invés de escreverem sobre descanso, atividade prazerosa, discorreram, até de forma escorreita, sobre radiação eletromagnética. Todos receberam zero, na minha compreensão de forma justa e merecida. Pequenos detalhes, miúdas sutilezas, mas suficientes para modificarem o rumo da história.
Com Arlindo Cabus acredito aprendi a essência da docência onde, se para corrigir precisar humilhar, o instrutor não possui capacidade de ensinar. Uma exemplar criatura, com virtudes e defeitos, mas que não será esquecido.
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