Internacional
Cardeais conservadores cobram Papa Francisco por posição sobre casais homoafetivos antes de Sínodo
Indicados por João Paulo II e Bento XVI pediram que Pontífice argentino reafirme a doutrina católica no que diz respeito a temas que devem ser debatidos a partir de quarta
Em meio aos preparativos finais da Igreja Católica para o Sínodo dos Bispos, que a partir de quarta-feira coloca em pauta uma série de temas sobre os rumos da religião, cardeais conservadores publicaram uma carta aberta ao Papa Francisco, pedindo que o pontífice reafirme a doutrina católica no que diz respeito a casais homoafetivos e à ordenação de sacerdotes mulheres, dois aspectos sensíveis que estão previstos para entrar em discussão.
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O documento oficial, publicado em blogs especializados do Vaticano, é assinado por cinco cardeais nomeados por Bento XVI e João Paulo II, conhecidos por seguirem uma linha mais conservadora do que Francisco. São eles: o alemão Walter Brandmüller, o americano Raymond Burke, o mexicano Sandoval Íñiguez, o guineense Robert Sarah e Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong. Nele, os cardeais pedem esclarecimentos sobre a bênção a união entre pessoas do mesmo sexo e a ordenação de mulheres.
O pontífice argentino afirmou recentemente que a “revelação divina”, como os católicos se referem aos textos bíblicos, é “imutável”, mas também garantiu que a igreja “precisa crescer na sua compreensão”. A resposta não satisfez os cardeais, que elencaram suas dúvidas em forma de carta aberta. Segundo eles, "dada a gravidade do assunto", sentiram-se no “dever de informar” os fiéis, para que não caíssem em “confusão, erro ou desânimo”.
O incidente é mais um elemento que acrescenta interesse em uma reunião do Sínodo dos Bispos — instituição permanente de aconselhamento do Papa que reúne bispos de todo o mundo para discutir e votar propostas sobre orientações da Igreja — cercado de expectativa. Em abril, Francisco publicou as novas regras, adicionando a participação de 70 integrantes leigos ao órgão e dando direito a mulheres participarem e votarem nas decisões pela primeira vez na História. Apesar do avanço, 75% dos votantes ainda serão bispos.
Vários temas delicados dentro da Igreja estão em discussão, como o celibato de sacerdotes e a inclusão de homens casados no sacerdócio, a bênção a casais LGBTQIA+ e a extensão dos sacramentos aos divorciados, além da ordenação de mulheres. O debate também vai girar ainda em torno de pobreza, racismo, discriminação de classe e contra pessoas com deficiência, além do tráfico de pessoas.
Ficaram de fora questões centrais para os embates de costumes, como eutanásia, direito ao aborto e casamento entre pessoas LGBTQIA+, que, de acordo com a Igreja, não apareceram entre as apontadas nos levantamentos entre fiéis.
Críticos desconfiam da própria natureza do Sínodo, apontado como uma maratona burocrática ou como um cavalo de Tróia para os progressistas corroerem as tradições da Igreja sob o manto do colegiado. Mas há os que enxergam uma oportunidade de botar em prática a visão de Francisco sobre a Igreja, como uma instituição inclusiva e que busca subverter a hierarquia tradicional e a força dos bispos, e ouvir e a trabalhar mais com os fiéis.
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