Internacional
Ataque com drones a academia militar deixa 112 mortos na Síria, diz ONG
Governo sírio confirmou 80 mortes; forças turcas bombardearam áreas no nordeste sírio, controladas por curdos, em resposta a atentado de domingo em Ancara
Um ataque com drones contra uma academia militar no centro da Síria, nesta quinta-feira, durante uma cerimônia de promoção de oficiais, matou pelo menos 112 pessoas. A ação foi atribuída por autoridades sírias a “terroristas”. A mídia estatal síria confirmou 80 mortes.
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De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos [OSDH], sediado no Reino Unido, entre os mortos no bombardeio na cidade de Homs há 21 civis. Além disso, mais de 125 pessoas ficaram feridas, acrescentou a organização, que possui uma ampla rede de fontes de informação no país.
O Exército sírio detalhou em um comunicado que o ataque foi realizado com "drones carregados de explosivos" e culpou "organizações terroristas" pela tragédia. Também prometeu "responder com firmeza". Nenhum grupo reivindicou o atentado até o momento.
Grupos jihadistas que controlam parte do território às vezes usam drones armados. A cidade de Homs se tornou um reduto dos rebeldes após o levante pró-democracia de 2011. Mas as forças do governo recuperaram o lugar em 2017 depois de violentos combates.
Em resposta ao ataque, as forças governamentais bombardearam a região de Idlib, o último reduto dos rebeldes no noroeste do país, de acordo com relatos de alguns moradores. O OSDH relatou quatro civis mortos.
A guerra na Síria, que eclodiu após a repressão governamental às manifestações de 2011, já causou cerca de meio milhão de mortes e deixou o país fragmentado.
'Escalada'
No nordeste da Síria, há um reduto controlado por curdos, com uma administração autônoma, que é regularmente bombardeado pelo Exército turco. Nesta quinta, Ancara atacou uma usina elétrica, uma represa, uma fábrica e várias instalações petrolíferas, na província de Hasaka, controlada pelas Forças Democráticas Sírias [FDS]. As FDS são uma coalizão dominada pelos curdos e apoiada pelos Estados Unidos que desempenharam um papel fundamental na derrota do Estado Islâmico na Síria.
Segundo um comunicado das forças curdas, "seis membros das forças de segurança morreram em um ataque" e dois civis que circulavam de motocicleta morreram em outro. O porta-voz das FDS, Farhad Chami, relatou uma nona morte.
Também nesta quinta, caças americanos F-16 derrubaram um drone pertencente à Turquia, integrante da Otan, a aliança militar ocidental encabeçada pelos EUA. O dispositivo era considerado uma ameaça potencial para as forças americanas na Síria, segundo o Pentágono. Forças americanas observaram pela manhã drones atacando no nordeste da Síria, alguns deles dentro de uma "zona de operações restrita" (ROZ) perto de Hasakah, a aproximadamente um quilômetro de distância das tropas americanas, disse o porta-voz do Pentágono, general de brigada Pat Ryder.
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A Turquia justificou o ataque como resposta ao atentado ocorrido no domingo contra o Ministério do Interior em Ancara, que matou dois policiais. O atentado foi reivindicado pelo Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, da Turquia), que vive um enfrentamento com o governo turco há décadas.
A Turquia alega que os autores do ataque foram treinados na Síria, mas o líder das FDS, Mazlum Abdi, negou as acusações. Ancara classifica como "terrorista" o principal componente das FDS, as Unidades de Proteção Popular, que vê como uma extensão do PKK. "Há uma clara escalada" contra as áreas controladas pela administração curda no nordeste da Síria, alertou Chami. Em resposta ao atentado em Ancara, a Turquia também bombardeou posições do PKK no norte do Iraque, que faz fronteira com a Síria e a Turquia. Entre 2016 e 2019, Ancara realizou três operações contra as forças curdas na Síria.
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