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Saiba quem é quem e como funciona o gabinete de guerra criado por Benjamin Netanyahu em Israel

Conselho, que reúne membros do Likud e também da oposição, foi criado a partir da formação do governo de unidade; Apenas três nomes no grupo têm direito à voto

Agência O Globo - 27/10/2023
Saiba quem é quem e como funciona o gabinete de guerra criado por Benjamin Netanyahu em Israel

Antes do ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu liderava um governo considerado o mais conservador na História de Israel. Mas foi diante da antecipação de uma campanha contra o grupo terrorista que o premier cedeu à pressão política e formou um governo de unidade — o qual também inclui líderes de oposição.

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Uma das principais propostas era o estabelecimento de um "gabinete de gestão de guerra" que supervisionaria os combates e diluiria o poder de políticos de extrema-direita no governo de Netanyahu.

Na última quarta-feira (25), o primeiro-ministro afirmou em um discurso em horário nobre que esse gabinete de guerra desempenha um papel fundamental em determinar quando Israel iniciaria uma invasão terrestre em Gaza, que vem sendo planejada, inclusive, com operações limitadas no território rival.

Desse gabinete de guerra, três membros têm direito ao voto e tomam decisões. Veja quem são:

Benjamin Netanyahu

O primeiro-ministro, do partido Likud, é a pessoa que ocupou o cargo por mais tempo e dominou a política do Estado por quase 15 anos. Ele foi premier de 1996 a 1999 e novamente de 2009 a 2021, antes de retornar ao cargo no final de 2022.

Yoav Gallant

Membro do Likud, é o ministro da Defesa de Israel. Ex-general, chegou a romper relações com Netanyahu este ano ao pedir a suspensão de uma reforma no sistema judiciário de Israel, uma proposta que levou a grandes protestos. Alguns israelenses contrários ao primeiro-ministro o veem como mais responsável e pragmático do que os colegas.

Benny Gantz

O ex-chefe militar, supervisionou a invasão terrestre de Israel em Gaza em 2014 e já foi um dos principais rivais políticos de Netanyahu. Ele, porém, se juntou ao governo de emergência após os ataques de 7 de outubro. Gantz e seus colegas da aliança política de oposição Unidade Nacional —da qual é líder — são considerados mais moderados, experientes e pragmáticos do que os parceiros anteriores do primeiro-ministro, conferindo mais credibilidade às decisões do gabinete.

O acordo do governo de unidade também inclui dois membros "observadores" no gabinete de guerra, que não têm direito a voto, mas participam das reuniões. Eles são:

Gadi Eisenkot

Político da oposição, é ex-chefe militar de Israel. Durante seu mandato, Israel intensificou os ataques na Síria na tentativa de evitar que milícias apoiadas pelo Irã consolidassem o controle nas fronteiras do Estado judaico.

Ron Dermer

Membro do Likud, é um dos conselheiros mais próximos de Netanyahu. Antes embaixador de Israel nos Estados Unidos, é atualmente ministro das Relações Estratégicas do Estado. Trabalhou na tentativa do governo israelense de normalizar relações com a Arábia Saudita e conter o programa nuclear do Irã. Antes da guerra, era um dos poucos políticos da coalizão de apoio ao governo que regularmente se comunicava publicamente com seus homólogos americanos.

Outras figuras linha-dura não são membros do gabinete de guerra, mas fazem parte de um gabinete de segurança mais amplo de ministros do governo que também desempenha um papel na condução do esforço de guerra. Eles incluem Bezalel Smotrich, ministro das Finanças e ultranacionalista que se opõe à soberania palestina e defende o governo de Israel com base na lei judaica, e Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional e uma das vozes mais extremas no governo israelense.

Em teoria, o gabinete de guerra foi estabelecido para implementar as decisões de um outro gabinete, o de segurança, afirma o professor Amichai Cohen, especialista em direito de segurança nacional no Instituto de Democracia de Israel, um grupo de pesquisa com sede em Jerusalém.

Algumas decisões importantes, como concordar com um cessar-fogo, provavelmente exigiriam a aprovação do gabinete de segurança, segundo o especialista. No entanto, não há uma lei que defina a autoridade deste grupo, cuja margem para operar e realizar "a verdadeira gestão da guerra" é mais ampla, diz Cohen.