Internacional
Forças de Israel ampliam ofensiva perto da Cidade de Gaza e atacam campo de refugiados no 25º dia da guerra
Militares israelenses afirmam que dois comandantes do Hamas que tomaram parte nos ataques do dia 7 morreram; Crescente Vermelho Palestino diz que corpos de ao menos 25 civis foram recuperados em Jabaliya
No quinto dia da ofensiva terrestre iniciada na sexta-feira (27), após três semanas de pesado bombardeio aéreo, as tropas israelenses penetraram ainda mais na Faixa de Gaza, na terça-feira, pelo norte, fazendo um movimento para cercar a Cidade de Gaza, capital do território, já flanqueada pelo sul. Tanques e escavadeiras blindadas avançaram através dos escombros de edifícios destruídos enfrentando a feroz resistência do Hamas, o grupo terrorista que governa o enclave palestino e que atacou Israel de surpresa no dia 7 de outubro, deixando cerca de 1.400 mortos, a maioria civis, na maior ofensiva contra o Estado judeu em 50 anos.
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Em meio a combates e bombardeios, forças israelenses tomaram o centro de comando do Hamas no campo de refugiados de Jabaliya em um ataque que deixou ao menos 50 mortos. Israel disse que eram terroristas, mas o Crescente Vermelho Palestino disse que corpos de ao menos 25 civis foram recuperados no campo.
‘É a tragédia da guerra’
Segundo os militares de Israel, dois comandantes do Hamas que tomaram parte nos ataques do dia 7 morreram: Nasim Abu Ajina, em um ataque aéreo ao centro de comando do Batalhão Beit Lahia, no norte de Gaza; e Ibrahim Biari, em Jabaliya. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, disse que 8.525 mil pessoas do lado palestino já morreram nos bombardeios israelenses desde o início da guerra.
Em entrevista à rede CNN, um porta-voz das Forças Armadas de Israel, o tenente-coronel Richard Hecht, afirmou que o comandante do Hamas estava “escondido, como eles fazem, atrás de civis”. O repórter da CNN questionou Hecht sobre os civis inocentes no local.
— Essa é a tragédia da guerra — minimizou, reiterando que as autoridades israelenses vinham alertando a população a se deslocar para o sul de Gaza.
Segundo a ONU, há 116 mil refugiados palestinos no campo de Jabaliya, o maior de Gaza. O local abriga três escolas administradas pela agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), convertidas em abrigos para centenas de famílias deslocadas. Dos 1,1 milhão de habitantes do norte de Gaza — a zona incluída no alerta de retirada israelense — apenas 200 mil permaneciam na área no fim de semana. O sul do território, no entanto, continua sob bombardeio israelense, tornando-o também uma zona perigosa.
No norte da Cidade de Gaza, as forças israelenses chegaram ao bairro de al-Karama, bombardeado pesadamente nos últimos nove dias. Dezenas de blindados se concentraram no local. Dois soldados israelenses morreram na operações de ontem e dois ficaram seriamente feridos. Segundo o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, as forças militares do país estão “fazendo avanços significativos nas operações por terra”, mas “pagando um pesado preço”.
— Infelizmente, na guerra, há também preços, e no último dia foram preços pesados — disse ele. — Apesar disso, também estamos determinados a continuar e vencer.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, apelou na terça-feira para a proteção dos civis apanhados no fogo cruzado do conflito entre Israel e o Hamas e enfatizou a necessidade de proporcionalidade e precaução por todos os lados. “Proteção de civis por ambos os lados é primordial e deve ser respeitada todo o tempo”, disse ele em comunicado. “A lei humanitária internacional estabelece regras claras que não podem ser ignoradas. Não é um menu à la carte e não podem ser aplicadas seletivamente”.
Ajuda ainda insuficiente
Enquanto as forças israelenses avançam dentro de Gaza, a crise humanitária desencadeada pela guerra e pelo “cerco total” imposto por Israel não dá sinais de alívio. Ontem, 70 caminhões entraram no território com alimentos, água e remédios pelo posto de Rafah, na fronteira com o Egito, ainda bem abaixo dos 100 por dia que a ONU estima serem necessários para atender às necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza — a maioria dos quais vive abaixo dos níveis de pobreza. Antes da guerra, entre 300 e 500 entravam por dia no enclave com ajuda humanitária, segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). Ao todo, desde o dia 21, quando entraram os primeiros comboios, apenas 217 caminhões tiveram permissão de cruzar do Egito para Gaza.
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Nos hospitais do território que ainda funcionam — pelo menos 12 fecharam as portas por falta de energia ou por danos causados pelos bombardeios — cirurgiões estão realizando amputações e outras operações sem anestesia adequada, disse Jean-François Corty, vice-presidente da MSF, que tem cerca de 300 funcionários em Gaza.
Israel acusa o Hamas de usar hospitais como quartéis-generais militares e civis como “escudos humanos”, acusações que o grupo terrorista rejeita como propaganda “infundada”.
A proibição de Israel de entrada de combustível agrava a situação em Gaza porque prejudica a distribuição da ajuda humanitária, tira de funcionamento as centrais de dessalinização da água e de produção de energia. Além do temor de que o Hamas use combustível para ações militares, Israel alega que o grupo terrorista tem combustível estocado e pode usá-lo nas operações humanitárias se desejar.
Ataque do Iêmen
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse não haver evidências de que o Hamas tenha desviado parte da ajuda humanitária que chega a Gaza e afirmou que Washington está fazendo gestões junto a Israel para permitir a entrada de combustível também. Segundo ele, o estoque de Gaza está “de baixo a quase vazio”.
Em outra frente de preocupações para Israel, a milícia xiita huthi, que governa o norte do Iêmen, reivindicou ontem um ataque com mísseis balísticos e um “grande número de drones” contra a cidade turística de Eilat, no extremo sul de Israel, em resposta ao bombardeio da Faixa de Gaza. Os rebeldes, apoiados pelo Irã, também prometeram outros ataques se a guerra contra o Hamas continuar, abrindo nova frente no conflito. O ataque foi interceptado por Israel.
Já duas cidades israelenses voltaram a sofrer impactos de foguetes do Hamas, que atingiram Tel Aviv e Ashdod. Na Cisjordânia, dois palestinos morreram em confronto com forças de Israel, elevando para 115 o total de mortos no território desde o início da guerra.
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