Internacional
Doze anos de assédio: empresa de crédito de carbono contratada por Shell e Netflix é alvo de denúncias no Quênia
ONG foi exaltada em documentário pela iniciativa ambiental e pela 'contribuição para o empoderamento de mulheres'
Ex-funcionários do projeto queniano “Corredor Kasigau”, que atua com crédito de carbono, denunciaram casos de extenso abuso sexual, assédio e exploração entre 2011 e 2023 por funcionários com cargo de chefia. O projeto de conservação, bancado pela empresa Wildlife Works, sediada na Califórnia, tem entre seus clientes as gigantes globais Shell e Netflix.
'Sou de raça. Volte para sua terra': Brasileira é alvo de xenofobia em aeroporto de Portugal; vídeo
Sem comida e água: Saiba como foi resgate do lavrador do AM picado pela maior serpente venenosa das Américas
Segundo o The Guardian, um novo relatório da Comissão de Direitos Humanos do Quénia (KHRC) e do Centro de Investigação sobre Corporações Multinacionais (Somo), uma ONG holandesa, foi produzido com o testemunho de 31 atuais e ex-funcionários, homens e mulheres, assim como de membros da comunidade local.
Em um comunicado, divulgado pelo presidente da empresa, Mike Korchinsky, ele afirma que soube das acusações em agosto, e três pessoas foram suspensas. Uma investigação interna foi conduzida por um escritório de advocacia, que encontrou provas de que dois indivíduos se envolveram em “comportamento profundamente inapropriado e prejudicial”.
Korchinsky pediu desculpas pela “dor causada”, mas negou que o problema fosse generalizado, dizendo que a má conduta de assédio sexual fundamentada foi perpetrada por um indivíduo. Ele também disse que algumas das alegações não foram comprovadas.
O projeto da Wildlife Works gera créditos de carbono ao proteger florestas secas em risco de serem destruídas em habitats de elefantes, leões e outras espécies. Os créditos são vendidos para grandes empresas que operam com sistema de compensação pelos danos causados ao meio ambiente.
O projeto foi o primeiro do tipo aprovado pela Verra, principal certificador mundial de compensações de carbono, e também foi credenciado pela biodiversidade e pela atuação comunitária.
Fã da Glória Maria e criadora de projeto de intercâmbio para jovens pobres: quem é Nataly Castro, influencer que mudou de rota na África após assédio
As denúncias vieram a público a partir de um relatório contendo entrevistas com funcionárias vítimas de violência. Os relatos incluíram alegações de agressão física e tentativa de assédio sexual nas instalações da empresa. Segundo as funcionárias, homens mais velhos, em cargo de chefia, usaram as suas posições para exigir sexo em troca de promoções e melhor tratamento.
O “Corredor Kasigau” ganhou notoriedade após um vídeo promocional da Netflix, que exaltava o trabalho feito pelo projeto e a contribuição para o empoderamento de mulheres.
De acordo com o Guardian, várias outras grandes empresas utilizaram créditos do projeto para atender compromissos climáticos e de biodiversidade. A petroleira Shell teria comprado quase 2 milhões de créditos, enquanto a Netflix comprou 250 mil.
Mais lidas
-
1PALMEIRA DOS ÍNDIOS
R$43 milhões na Prefeitura e R$ 765 mil na Câmara em janeiro: Cadê a Transparência?
-
2AÇÃO INTEGRADA
Mais de 20 pessoas são presas em operação contra organização criminosa
-
3USINA DE VOTOS
Em Palmeira dos Índios, mais da metade da população depende do Bolsa Família e há temor de uso eleitoreiro para 2026, com ex-imperador na disputa
-
4DISCRIMINAÇÃO
Professor Cosme Rogério expõe racismo estrutural no PT de Palmeira dos Índios
-
5PALMEIRA DOS ÍNDIOS
No governo Luísa Duarte, PT fica em segundo plano e maior fatia da assistência social segue sob controle de aliados de Julio Cezar