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A maluca tricolor
O Brasil inteiro estourou. Fluminense Campeão das Américas, levantou a Taça Libertadores da América no templo do futebol brasileiro, o Estádio Municipal do Maracanã. O sábado 4 de novembro foi um dia histórico para o futebol brasileiro. A vitória do Tricolor das Laranjeiras em cima do arquirrival argentino Boca Júnior, mexeu com todo o Brasil de Norte a Sul. Torcedores de outros times entraram na alegria e na celebração. A Taça Libertadores da América equivale ao Campeão da América que disputará em dezembro o título mundial contra os clubes campões de outros continentes.
Livaldo é torcedor fanático, assistiu ao jogo no apartamento dos pais. Emborcou bastante uísque e cerveja. Quase morria do coração quando o Boca empatou. Ao começar a prorrogação assistiu o resto do jogo ajoelhado junto à televisão. Quando John Kenedy fez o golaço da vitória, os pais de Livaldo tiveram medo dele ter um ataque cardíaco. O jogo terminou não poderia haver no mundo uma alegria maior que a de Livaldo. Assistiu na televisão todos os comentários, a entrega de medalhas, as repetições dos gols. Durante à noite saiu a pé de bar em bar até encontrar alguma turma comemorando com bandeiras na mesa. Abraçou os tricolores, sentou-se à mesa àquela altura cantaram, beberam. Livaldo queria ver mais tricolores pela cidade para curtir aquela noite maravilhosa, despediu-se dos amigos e caminhou devagar pelo calçadão da Praia da Jatiúca, uma festa. De repente avistou ao longe uma moça na praia bem iluminada de vestido longo verde, faixa branca na cintura, fone no ouvido, descalça, dançando sozinha na areia. As pequenas ondas cobriam seus pés molhando e a ponta do vestido, ela dançava, se requebrava, tendo o mar como companheiro. Livaldo sorriu com a bêbada maluca, continuou sua andança até que retornou. Ao passar novamente pelo local da bêbada notou que ela calçava as sandálias, retornava ao calçadão. Quis o destino, ou o diabo, ou o Sobrenatural de Almeida, que a moça cruzasse com Livaldo. Ele teve um susto quando a bêbada, ao avistá-lo com a camisa do Fluminense, abriu os braços e cantou sorrindo:
-“Sou tricolor de coração... Sou do time tantas vezes campeão...”
A bela maluca aproximou-se deu uma abraço em Livaldo. Depois de algum papo, sentaram num banco olhando o mar. Os dois se entenderam, maior empatia, eram tricolores doentes beirando à loucura. Livaldo calculou a idade da moça entre 30 a 35 anos, bonita coroa. Meio bêbados conversaram sobre a grande vitória. Valéria contou um pouco de sua vida. Engenheira morava em Brasília, estava em Maceió para resolver pendências numa obra, retornaria na quarta-feira. Certa hora, a garota tricolor convidou para tomar uma cerveja, precisava comemorar e muito mais esse título. Sentaram-se à mesa de uma barraca de praia. Entornaram cerveja e uísque. Livaldo observou gracejando que ela estava vestida apenas de verde e branco, perguntou se não tinha pelo menos uma faixa vermelho-grená. Valéria deu uma gargalhada, apertou a mão do amigo, cochichou no ouvido para ele olhar. Sentou-se em sua frente, num gesto discreto e sensual levantou devagar o vestido, apareceu as pernas bem torneadas, as coxas, finalmente ele viu nitidamente a calcinha vermelha grená. Ela levantou-se deu uma gargalhada e disse bem alto, todos ouviram na barraca.
- “Eu sou do time tantas vezes campeão. Nelson Rodrigues disse: o Fluminense nasceu com a vocação da eternidade... Tudo passará... Só o Tricolor não passará”
Abraçaram-se, beijaram-se foram para o hotel. Ainda vestidos Valéria puxou-o para dentro do banheiro, abriu o chuveiro, abraçaram-se tirando a roupa do outro, se beijaram, encharcados da água que descia em suas cabeças em seus corpos, se amaram feito dois animais.
Eram duas horas da tarde do domingo quando Livaldo saiu do hotel. Valéria dormia o sono dos justos, dos amantes, dos campeões. Ele deixou um bilhete pedindo para telefonar quando acordasse. Perto da hora do jantar, sem alguma notícia de sua tricolor, Livaldo resolveu caminhar até o hotel, comprou flores vermelhas. Pediu para interfonar, Valéria acordou-se naquele momento, mandou subir. Ao abrir a porta, radiante Valéria abraçou, beijou, arrastou seu tricolor para cama. Não saíram durante a noite, amor ininterrupto, uísque, carinho e alegria. Foi a maior comemoração do Fluminense campeão da América 2023.
Valéria passou mais três dias e meio de amor, interrompidos apenas por algumas horas de trabalho e passeios. Nos dias seguintes Livaldo levou a garota tricolor para magníficos passeios por perto da cidade: Barra de São Miguel, praia do Francês, Mostrou as cidades histórias de Marechal Deodoro e Penedo, onde dormiram no Majestoso Hotel São Francisco.
Valéria retornou à Brasília encantada e com a sorte de ter encontrado um maluco tricolor igual à ela. Marcaram encontro em Brasília para voarem à Arábia Saudita assistirem o Campeonato Mundial Interclubes em 12 de dezembro. Quem sabe se voltarão campeões do mundo?
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