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A influência de bechara
Aos 95 anos de idade e com uma vitalidade extraordinária, o professor Evanildo Bechara é uma figura imprescindível nas atividades da Academia Brasileira de Letras. Preside a sua Comissão de Lexicografia e Lexicologia, responsável pela edição de documentos essenciais, como o Dicionário da Língua Portuguesa e o Vocabulário do nosso idioma.
Além disso, responde com muita propriedade às dúvidas de especialistas como Shahira Mahmud e Feiga Fiszon sobre a inserção de novas palavras no léxico, pois a língua é dinâmica e pede essas providências.
Numa entrevista a Bolívar Torres, Bechara afirmou que está terminando de revisar e reeditar todos os seus inúmeros livros pela Nova Fronteira, apesar das atuais dificuldades de visão. Enquanto isso, enviou para as livrarias o seu clássico “Lições de Português pela análise sintática” e uma edição comemorativa de “Primeiros ensaios sobre língua portuguesa”, sua estréia em publicações de cunho científico.
Ele afirmou que a sua influência sobre esses estudos agora se exerce por intermédio dos seus alunos. Foi durante muitos anos professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, onde convivemos, e na Universidade Federal Fluminense. “Minha contribuição se deu sobretudo na sistematização, pois havia muita informação separada, e isso não era bom.”
Não é contra os estrangeirismos, mas a forma como entram em nossa língua: “Língua é uso”, diz Bechara. “É algo que se concretiza no falar das pessoas.” É com essa inspiração que ele dirige a Comissão de Lexicografia e Lexicologia desde 2017. Em 2009 foi responsável pela quinta edição do Volp, que se tornou um instrumento histórico. A partir da sua edição, todo o país passou a escrever da mesma forma, livros, jornais e revistas.
Quando instado a se pronunciar sobre a chamada linguagem neutra, Bechara afirmou que se trata de um fenômeno mais de “opinião” do que de “ciência”. E por isso ainda não aderiu à inovação.
Com sua influência, o linguista Ricardo Cavaliere foi eleito para a ABL. No lugar da professora Cleonice Berardinelli. E está seguindo os seus passos.
Ainda recentemente, Bechara enfrentou algumas críticas por causa da palavra “dorama”, por ele sugerida para entrar no Dicionário da Academia como inovação necessária. Significa drama em japonês e coreano. É uma prova de que o Dicionário não pode ser estatático. Sujeita-se também às inovações inevitáveis do idioma, pela influência de outras línguas. Bechara rebateu as críticas, considerando que, assim como entram, algumas palavras podem sair do nosso grande documento. Citou a existência do “desuso”, que devemos igualmente considerar. Ele está aberto a essas discussões, que, na verdade, somente enriquecem o nosso idioma. Sua grande obra aborda todas essas questões. Serão consideradas de forma permanente.
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