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Carnaval é coisa séria
“Acabou nosso carnaval / ninguém ouve cantar canções / ninguém passa mais brincando feliz / e nos corações / saudades e cinzas foi o que restou… E no entanto é preciso cantar...”
A Marcha da Quarta-feira de Cinzas de Carlinhos Lyra e Vinicius de Moraes ecoa em todo Brasil depois de quatro dias de Carnaval. Há quem diga que as coisas no Brasil só funcionam depois do Carnaval. Pode até ser na Ilha da Fantasia, Brasília, onde Podres Poderes vivem nababescamente. Mas o brasileiro comum, do grande empresário ao operário, dia 2 de janeiro já estão no batente para sustentar sua vida e pagar os impostos.
Mas voltemos ao Carnaval. As Escolas de Samba e Blocos estão se reunindo pensando no Carnaval de 2025. Isso mesmo Carnaval é coisa séria, é emprego e renda. Em muitos locais profissionalizaram carnavalescos e planejadores de captação de recursos. Os ingleses há pouco tempo inventou o termo Economia Criativa, ou seja a economia, o dinheiro gerado pela criatividade humana e o Carnaval Brasileiro é a síntese dessa Economia Criativa, onde pequenos empresários, tipo ambulantes, taxistas, costureiras, músicos, montadores, pousadas, hotéis, restaurantes e outros são os maiores beneficiários. Carnaval é um grande negócio, que digam as cidades de São Paulo, Rio, Salvador, Recife, entre outras que começaram a se estruturar durante o Carnaval. Há oito anos que um grupo de foliões formaram blocos para desfilar no domingo de carnaval na orla de Maceió. Nosso carnaval se restringe a esses Quixotes que há oito anos não deixam a peteca cair no domingo de carnaval. Nos outros dias de carnaval Maceió fica uma tristeza. A burguesia, mais de 200 mil habitantes, viaja para assistir os carnavais de outras cidades. A estrutura carnavalesca da cidade para os 800 mil habitantes que ficam em Maceió é pífia, o maceioense não tem direito à maior manifestação cultural popular do brasileiro, a alegria fugaz que se chama carnaval.
Esse ano de 2024 também viajei, não pude recusar o convite da Diretoria da Escola de Samba Beija-Flor que desfilou com o tema: “Um Delírio de Carnaval de Maceió de Rás Gonguila.” Homenageando Maceió e o meu amigo, carnavalesco dos anos 50/60, Gonguila.
Comprei passagens e hospedagens. Minha esposa e uma filha me acompanharam na aventura carnavalesca. Ao chegar ao Rio de Janeiro fui ao Barracão da Beija-Flor na Cidade do Samba, uma descomunal estrutura para as Escolas de Samba. Fiquei impressionado. Durante o carnaval dei um bordejo nos bairros mais badalados, Copacabana, Leblon e Ipanema, nunca vi tantos blocos. Os cariocas se fantasiam para desfilarem nos blocos, ou para ir à praia ou tomar chope nos restaurantes. As cariocas charmosíssimas veste um biquíni e uma flor no cabelo, estão fantasiadas. Nunca vi tantas mulheres e bundas tão maravilhosas.
Afinal domingo à noite o desfile da Beija-Flor, fantasiado de Guerreiro me colocaram em cima do carro alegórico representando a cultura alagoana, junto com Cacá Diegues, Márcio Canuto, Yara Pão, Setton Neto, Guga Rocha, entre outros.
Tive muitas emoções em minha vida, mas nunca igual a desfilar num carro alegórico de uma Escola de Samba do Rio de Janeiro, com as alas coloridas de folguedos alagoanos. O maior espetáculo da Terra. Dançando e cantando o samba enredo inspirado em minha amada terra: “Em Maceió, o Paraíso deu à luz a um menino... à beira-mar nascia um Rei... Que o senhor das ruas deu o seu caminho...” O sambódromo lotado cantava e aplaudia, eu era apenas um entre os 3.500 componentes da Escola. E pensei que todas as palmas eram para mim, nessa ilusão cheia de emoção, chorei...
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