Brasil
Trio que matou PM e filha de 19 anos assaltava a mesma farmácia a cada 15 dias
Preso nesta terça-feira, em 'estado de embriaguez', Douglas Pereira foi indiciado por latrocínio. Erivaldo de Lima e Diego dos Santos são considerados foragidos
As impressões digitais colhidas no veículo usado no crime e o reconhecimento feito por testemunhas foram elementos cruciais para que os investigadores do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) pudessem descobrir rapidamente a identidade do trio suspeito de ter participado do assalto a uma farmácia do bairro Vila Medeiros, na Zona Norte de São Paulo. O crime resultou nas mortes do cabo da PM Anderson de Oliveira Valentim, de 46 anos, e de sua filha Alycia Perroni Valentim, de 19, na madrugada do último sábado. Douglas Pereira de Jesus, de 30 anos, foi preso nesta terça-feira (27), em estado de embriaguez, após ter sido convencido pela família a se entregar. Erivaldo de Lima e Diego dos Santos, também com mandados de prisão temporária em aberto e indiciados por latrocínio, seguem foragidos.
Durante a identificação dos suspeitos, os investigadores se depararam com extensas fichas criminais. São passagens por crimes como roubos e homicídio. Mas descobriram, também, que os criminosos já eram conhecidos pelos comerciantes locais por praticarem reiterados assaltos na região. A farmácia onde pai e filha acabaram assassinados, inclusive, já possuía até uma espécie de rotina de roubos, como revelou o delegado Severino Vasconcelos.
— Eles têm ficha criminal bem carregada. São crimes patrimoniais e homicídios. Pessoas dadas à prática de crimes, reiteradamente. Compõem uma associação criminosa que praticava roubos constantes a estabelecimentos comerciais daquela região. Inclusive, já tendo sido identificados por vítimas daquele local. Eles roubavam aquela mesma farmácia a cada duas semanas. Eram clientes do mal ali — disse o delegado.
Uma coletiva de imprensa sobre o caso foi realizada nesta terça-feira, também com a presença do Secretário de Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, e do delegado-geral da Polícia Civil, Dr. Artur Dian. Vasconcelos comentou ainda sobre como se deu a prisão do primeiro suspeito e explicou que a embriaguez impediu que o homem fosse ouvido sobre o crime. O homem foi encontrado na rua e não apresentou resistência.
— Hoje, o Douglas não teve condições de ser ouvido em decorrência de uma embriaguez alcoólica. E nós temos certeza de que, desde o dia da ocorrência, ele vem consumindo drogas e álcool. Está numa situação tóxica muito elevada. Digamos que este seria mais um indício de que alguma coisa aconteceu de sábado até agora que o deixou nessas circunstâncias. Através da família, ele acabou persuadido a se entregar — acrescentou Savarino.
Segundo os investigadores, ainda não é possível saber se Douglas foi o autor dos disparos. Mas os indícios, até agora, apontam para isso.
Já no atendimento do local os peritos conseguiram levantar fragmentos de impressão digital do veículo utilizado no crime e com auxílio de RGB foi rapidametne identificada a qualificação de três indivíduos envolvidos, um deles o Douglas, detido nessa data.
— Foram feitas diligências no fim de semana, inclusive já no sábado de madrugada, e conseguimos identificar testemunhas que conseguiram nos relatar, primeiro, que já tinham conhecimento do envolvimento do Douglas através das imagens que foram veiculadas na TV. Nós conduzimos as testemunhas à delegacia, foram ouvidas formalmente sobre o assunto e o reconheceram através dos trejeitos, porte físico etc. Agora, a investigação vai apontar qual é a participação dele — conta o delegado. — Ainda não podemos afirmar, mas há uma possibilidade (de que ele seja o atirador), por uma análise inicial das imagens.
As impressões digitais colhidas no GM Spin de cor cinza usado e abandonado pelos bandidos após o crime foi o que permitiu a identificação rápida dos suspeitos. Mas a polícia acrescenta ainda que outros indícios também ajudaram a formar convicção sobre a participação do trio.
— Foram arrecadadas impressões digitais e outros elementos periciais. Ao mesmo tempo, temos provas testemunhais também. Quando fizemos as diligências, imediatamente após a identificação, fomos às residências deles e eles não estavam presentes em seus domicílios. Já estavam foragidos. Então, somado às digitais e aos antecedentes criminais deles, permeado por crimes de roubo e homicídio, chegamos a essa suspeição deles e pedimos a prisão temporária concedida pelo Poder Judiciário. O material probatório é forte e nos faz crer que estamos, sim, diante dos autores desse crime — concluiu.
Cronologia do crime
O PM estava de folga e havia ido a uma farmácia acompanhado da filha e da esposa, Flávia Valentim, por volta das 5h da manhã de sábado (24).
Enquanto a mulher entrou no estabelecimento, o policial permaneceu com a sua filha dentro do veículo estacionado.
Na sequência, três suspeitos encapuzados, um deles armado, se aproximam da farmácia, fazem um gesto na direção do PM e tentaram abrir a porta da loja, mas ela estava trancada. Neste momento, o policial decidiu reagir à ação deles e, tanto ele como sua filha que estava dentro do carro, acabaram atingidos por tiros disparados pelos criminosos.
Em seguida, o trio fugiu utilizando um veículo GM Spin de cor cinza.
O carro foi localizado posteriormente por policiais militares, na Rua Fiori Polachini, em Guarulhos, na Grande São Paulo. Dentro do automóvel, que era produto de furto, foram recolhidos diversos objetos, incluindo os capuzes utilizados na ação.
Nesta terça-feira, o primeiro dos três suspeitos foi preso apresentando sinais de embriaguez. Ele teria sido convencido pela família a se entregar.
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