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A rocha do sepulcro rolou
É correto pagarmos tributos a César? Todos conhecemos essa perguntinha, pra lá de maliciosa, que se faz presente no Evangelho de São Matheus, como também conhecemos muito bem a resposta que foi dada por Cristo e, a resposta, curta e grossa, feito joelho destroncado, nos convida para dissiparmos as várias camadas de sombras que envolvem e, em certa medida, asfixiam o nosso coração.
O Filho de Davi disse, mostrando a todos a face do bicho velho togado na moeda, que devemos dar a César o que é dele, e a Deus o que lhe pertence. Mas, o que pertence a Deus que tem o rosto Dele impresso? Nós, amigo leitor. Lembremos, e nunca nos esqueçamos, que o Altíssimo nos fez a sua imagem e semelhança.
Infelizmente, não são poucas as vezes que acabamos nos esquecendo disso e, sem nos darmos conta, entregamo-nos de corpo e alma aos poderes pútridos deste mundo, oferecendo o que há de mais elevado em nós para ser distorcido, mutilado e agrilhoado pelas ideias, valores, ideologias, projetos e planos deste mundo, como se estes fossem o cume mais elevado que nossos olhos poderiam galgar.
Quando temos o nosso olhar voltado, quase que exclusivamente, para as artificiosas luzes deste mundo, gradativamente vamos perdendo o hábito de voltarmos os nossos olhos para o alto e, sem nos darmos conta, terminamos por colocar o brilho opaco dos nossos caprichos no lugar do luzeiro do Senhor.
Ah! E não são poucas as veleidades que cultivamos em nosso dia a dia. Veleidades essas que caprichosamente deificamos, transformando-as em ídolos, nos deuses fajutos de uma vida esvaziada de sentido.
Agindo deste modo, passamos a imaginar que nossas vontades são absolutas e que, por isso, o nosso querer seria digno do respeito que é devido apenas a uma divindade.
Quando absolutizamos os nossos desejos, de forma incônscia, terminamos por relativizar a presença de Deus, e da sua ação, em nossa vida.
E vejam só como são as coisas: o homem moderno, com seus brinquedinhos hi-tec, de mãos dadas com sua presunção desmedida, relativiza tudo o que é sagrado, tudo que é precioso aos olhos do Altíssimo, e sacraliza todos os desejos que lhe der na ventada, substituindo, de forma rasteira, o Decálogo pela lei de Thelema. O homem modernoso termina trocando os Dez Mandamentos do Senhor pelo "fazes o que tu queres, essa há de ser o todo da Lei”, de Aleister Crowley.
Não é à toa, nem por acaso, que o homem moderno vê-se perdido entre abismos. Abismos estes que foram abertos por suas próprias mãos.
Se encaramos os nossos desejos, devaneios e anseios como sendo a coisa mais elevada que existe, ao final, pervertemos radicalmente a ordem do ser, invertemos a ordem dos valores da vida e corrompemos a hierarquia dos bens da alma.
Esquecemos que fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Esquecemos e passamos a acreditar que Ele é que deveria ter a nossa cara e parecência.
Por essa razão, e por muitas outras, que não cabem nessas linhas mal escrevinhadas, que o homem moderno tem o seu coração fechado para as verdades reveladas na Paixão de Cristo que, de fato, é o centro da nossa vida e o coração de toda criação.
O homem moderno esqueceu-se que tudo, tudinho, foi criado com Cristo, por Cristo e em Cristo para o Senhor poder nos resgatar de nós mesmos e de nossas escolhas estúpidas.
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