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Exposição 'Entre_laços: memórias e cotidiano' reúne obras de sete artistas contemporâneos no TCE-RJ

Espaço Cultural Humberto Braga abrigará pinturas, esculturas, fotografias, vídeos e instalações, com entrada gratuita

Agência O Globo - 03/05/2024
Exposição 'Entre_laços: memórias e cotidiano' reúne obras de sete artistas contemporâneos no TCE-RJ

As conexões das experiências individuais de sete artistas contemporâneos estão reunidas na exposição "Entre_laços: memórias e cotidiano", que o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), através do Núcleo de Projetos Culturais, inaugura na próxima quarta-feira, dia 8 de maio, no Espaço Cultural Humberto Braga. Com curadoria de Elisangela Valadares, a mostra é integrada pelos artistas  Adrianna EU, Carolina Kasting, Mary Dutra, Monique Ribeiro, Rafael Prado, Rodrigo Westin e Thiago Modesto, com obras que refletem memórias afetivas, de ancestralidade ou do cotidiano.

 

São pinturas, esculturas, fotografias, vídeos e instalações que se propõem a conduzir o espectador a explorar os fios invisíveis por trás de cada obra. Uma delas é intitulada "A costura do erro", da artista plástica Adrianna EU, que faz uma homenagem a sua avó. Ela costurava em uma máquina semelhante à usada na instalação. A artista colecionava pequenos embolados de linha descartados pela avó como uma “coleção de erros”.

— Essa máquina, cercada de milhares de metros de linha embolados, fala do que talvez seja mais que uma memória, que é aquele lugar onde pode ter surgido um acordar para a arte. Se eu posso pensar onde comecei, eu acho que foi ali — afirma Adrianna.

Ainda no simbolismo de memórias afetivas, as pinturas de Monique Ribeiro são inspiradas pelas referências de sua infância, influenciadas por sua mãe, uma costureira e artesã.

— No primeiro ano de pandemia, quando comecei a entrar, de fato, na pintura, encontrei refúgio nos retalhos de tecidos que tinha em casa. Para mim, foi uma forma de dar voz a essas memórias, que estavam totalmente adormecidas — conta Monique.

Na instalação "Passou o tempo", Mary Dutra explora o universo da memória, tempo e histórias:

— A instalação traz painéis suspensos que foram criados durante a pandemia e retratam diversos pensamentos embaralhados, que era também uma das maneiras como nossas mentes estavam operando nesse período: um caos interno.

A série "Árvores, heroínas brasileiras", de Carolina Kasting, surge do ato performático de tirar xerox do próprio corpo, resultando em fotocópias que posteriormente são bordadas com lã vermelha, representando uma relação de árvores nativas do Brasil com as mulheres que lutam por direitos apagadas pela História.

— Minha experiência como artista é a forma que tenho de me comunicar com as pessoas e de estar no mundo. Se, com isso, conseguir modificá-lo, pouco que seja, terei alcançado o sentido de estar aqui — afirma a artista.

Já Rafael Prado resgata as raízes culturais do Norte do Brasil:

— Cresci na região amazônica e, vindo de lá, tenho uma relação de dentro, das memórias reais e inventadas, dos afetos. Dou forma para elementos amazônicos por meio das histórias, das lendas e dos mitos — explica ele, que revela em suas obras que o espírito da natureza reside em antropomorfos, onde pessoas, animais, árvores e rios são todos parentes.

Por sua vez, Thiago Modesto apresenta sua visão de mundo influenciada por cosmovisões de encruzilhadas e reverência aos saberes ancestrais:

— Busco no meu trabalho o sentido de ancestralidade referente a território e construção familiar. Acredito muito em aprender com o passado para entender o que somos hoje e aonde queremos chegar.

E Rodrigo Westin traz uma abordagem poética da vida urbana:

— Acredito que os meios urbano e ambiental, na minha obra, se relacionam quando entendemos que o planeta é um só e que somos todos feitos das mesmas moléculas. A tentativa das pinturas é reconhecer que temos somente um meio e ele está evaporando.

A exposição "Entre_laços: memórias e cotidiano" ficará em cartaz no Espaço Cultural Humberto Braga – TCE RJ (Praça da República 54, 2º andar, Centro do Rio), de 9 de maio a 30 de setembro, de segunda a sexta-feira (exceto feriados), das 11h às 17h, com entrada gratuita e aberta ao público. A abertura, no dia 8, é restrita a convidados.