O ator Otávio Augusto começou sua trajetória na década de 1960 e, de lá para cá, ganhou fama em papéis que ficaram na história das telas da TV e do cinema. Para marcar suas seis décadas de carreira, ele vai comemorar em cima do palco, seguindo a máxima da profissão: a arte do ator é o teatro. E o local escolhido é o Teatro Nova Iguaçu Petrobras, neste sábado, dia 18, onde ele protagoniza a peça “A Tropa”.

No espetáculo, Otávio interpreta um ex-militar viúvo e autoritário que, no hospital, vê todos os seus tabus familiares virem à tona. De cama, ele recebe a visita dos quatro filhos, bem diferentes entre si. Um é dentista militar aposentado que ainda mora com o pai, enquanto outro é um jovem usuário de drogas com passagens em clínicas de reabilitação. O terceiro trabalha numa empreiteira sob investigação de corrupção, e o quarto é um jornalista que acabou de se demitir e está em crise na vida profissional.

O que deveria ser um mero encontro familiar acaba se tornando um grande acerto de contas, costurado com muito humor e revelações, tendo como pano de fundo os últimos 50 anos de história do Brasil.

Diferenças e tolerância

Além de Otávio Augusto, estão na peça Alexandre Menezes, Daniel Marano, Alexandre Galindo e André Rosa, que representam personagens com diferentes pensamentos sociais, ideias afetivas e familiares. Assim, seus embates geram discussões sobre diferenças e tolerância.

— Tenho três famílias teatrais fundamentais: a primeira foi no começo da minha carreira, no Teatro Oficina, ao lado de Zé Celso, Renato Borghi, Othon Bastos. A segunda com Fernanda (Montenegro) e Fernando (Torres), meus queridos amigos e parceiros de cena, e o terceiro encontro vivo desde 2016, com essa verdadeira família afetiva que se formou em torno de “A tropa” — destaca Otávio.

A peça, que conta com a direção de César Augusto e texto de Gustavo Pinheiro, autor vencedor de concurso de dramaturgia promovido pelo Banco do Brasil em 2015, está em cartaz há oito anos. Neste período, passou por diferentes governos e cenários políticos, sempre gerando bastante debate.

— Estreamos no governo Dilma. Atravessamos em cena o impeachment dela, o governo Temer, o governo Bolsonaro e agora estamos de volta a um governo de esquerda, com Lula. Não mexemos em uma vírgula do texto, e ele se mantém mais atual do que nunca. É interessante e perturbador ao mesmo tempo — afirma o autor.

Com capacidade para 700 lugares, o Teatro Nova Iguaçu Petrobras fica na Rua Coronel Bernardinho de Melo, 1.081, no Caonze.