Variedades
Luana Xavier estreia peça antirracista e lamenta atitude de ficante: 'Tem vergonha de aparecer comigo'
No dia 13 de maio, quando se lembra a abolição da escravatura no Brasil, atriz de 36 anos reflete sobre a solidão da mulher negra: 'Nunca namorei na vida. Levei isso para a terapia'
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Nesta segunda-feira, 13 de maio, quando se lembra a abolição da escravatura no Brasil, Luana Xavier estreia, no Teatro Firjan Sesi Centro, a peça “Pequeno Manual Antirracista”, baseada no livro da pensadora Djamila Ribeiro. Depois de passar por Salvador e São Paulo, o espetáculo chega ao Rio para uma temporada, que segue até 11 de junho, sempre às segundas e terças-feiras, às 19h.
— É uma coincidência iniciar a temporada num 13 de maio, mas é importantíssimo, ainda mais porque a gente tem debatido muito a necessidade de ressignificar determinadas datas e acontecimentos históricos. Não existe essa romantização de que a Princesa Isabel é uma pessoa maravilhosa, que assinou a Lei Áurea pela libertação dos escravizados. Sou uma mulher de umbanda, e essa data é a de cultuar os pretos velhos — explica ela.
Mulher, negra e considerada obesa pela Organização Mundial de Saúde — 99kg após perder 55kg numa cirurgia bariátrica —, a artista já sofreu bastante preconceito na vida. Com o racismo, começou a lidar ainda na infância:
— Tem uma coisa que Djamila fala no livro e me toca fundo quando interpreto na peça, na pele da minha personagem, a professora Bell: ela não se descobriu, foi acusada de ser negra, quando criança. Eu também, na escola. Com 8 ou 9 anos de idade, fui chamada de macaca por uma colega de turma. Mas ela não xingou só a mim. Ela disse assim: “Você é macaca, sua mãe é macaca, seu pai é macaco, sua avó é macaca”. Isso me machucou muito, porque minha avó Chica (Xavier, atriz, que morreu em 2020) sempre foi a minha maior referência, a pessoa que eu mais amo. Então, toda vez que eu digo essa frase no palco, eu me emociono. O combinado com o diretor (Aldri Anunciação) era dizer esse texto de forma intensa, forte, não exatamente emocionada. Mas na maioria das vezes eu não consigo controlar as lágrimas — conta Luana.
Já adulta, a atriz conheceu o conceito de “solidão da mulher negra”, que fala sobre a rejeição nas relações afetivas, também por conta do racismo. Aos 36 anos, ela nunca conseguiu oficializar um relacionamento.
— Nunca namorei na vida. Comecei a sair com um cara negro e entendi que essa questão da solidão da mulher negra é um buraco mais embaixo do que eu imaginava. É muito estranho o receio ou a vergonha que ele tem de aparecer comigo publicamente. Comecei a levar isso, inclusive, para a terapia. Ele é um cara solteiro, sem filhos, não tem ex-mulher, é independente, mora em apartamento próprio, tem o trabalho dele, a grana dele, não depende de pai e mãe... Aí eu fico me perguntando: qual é o problema? Quem deveria ter essa preocupação era eu, que sou uma pessoa relativamente conhecida — reflete ela, completando: — Várias amigas me perguntam: “E por que você se submete a isso?”. Ora, porque eu preciso transar! Por mais que ele não seja um cara superpresente na minha vida, tenho alguém para compartilhar as situações boas e ruins. Tem coisas que não dá pra dividir com mãe ou amigas, só com um parceiro. Mas eu ainda não tenho uma história de amor para contar.
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