Variedades
'Quero mostrar minhas cores sem medo': Gianecchini conta que procurou terapia após ser criticado por papel de drag queen no musical ‘Priscilla’
O ator, que solta a voz em cena, diz que "True colors", uma das canções do espetáculo, mexe com ele: "Eu me sinto vitorioso por ter bancado meus medos. E quero honrar o mundo das drags"
A nova montagem brasileira do musical “Priscilla, a rainha do deserto” causou furor antes mesmo de começar. Ainda em março, quando o elenco foi anunciado, não passou incólume a notícia de que Reynaldo Gianecchini faria o papel da drag queen Mitzi Mitosis, uma das protagonistas. A internet ferveu com acusações de que Gianecchini não deveria fazer o personagem por não manter relações explícitas com o movimento LGBTQIA+. Outros chegaram a dizer que o ator não estaria apto a encarar bem um papel do quilate de Mitosis. A gritaria on-line atingiu o ator em cheio. Ele persistiu na montagem, mas precisou voltar à terapia para “organizar as ideias e se sentir forte”, conta ele.
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Passado o episódio inicial, o artista dará ao mundo sua versão de Mitosis a partir da próxima sexta-feira, em São Paulo, numa temporada que irá até setembro por lá. E ele não está sozinho. A turma potente que desbrava o deserto australiano embarcando no ônibus Priscilla — conforme conta a história criada pelo diretor e roteirista Stephan Elliott, sucesso com o filme dos anos 90 — tem Diego Martins, o Kelvin de “Terra e paixão”, sob a pele de Adam e sua drag Felícia; e a dupla Verónica Valenttino e Wallie Ruy, revezando-se no papel de Bernadette. E, se nas redes o clima foi bélico, entre o quarteto reina a harmonia.
— É impossível não se apegar um ao outro. Passamos todo o tempo juntos, então a gente leva essa intimidade (do palco) para as nossas vidas. Já temos muitas piadas internas e uns 77 grupos de WhatsApp — acredita Wallie.
Prova da sinergia emanada pelo espetáculo foi vista num dos ensaios que a reportagem acompanhou, em São Paulo. Logo após apresentar um de seus números solo, o megahit “True colors”, de Cindy Lauper, Gianecchini quase foi às lágrimas, visivelmente emocionado. Ao concluir, foi abraçado pelos colegas de palco que o esperavam. Entre eles, nenhuma palavra precisou ser dita.
— Estamos fazendo a jornada junto aos personagens. Me emociono muito com “True colors”, porque quero mostrar minhas verdadeiras cores sem medo de quem sou. Quero deixar vir meu potencial, com acolhimento, afeto. Eu me sinto vitorioso por ter bancado meus medos. E quero honrar o mundo das drags e sua arte linda — diz Gianecchini.
A montagem, sob direção de Mariano Detry, não se prende a detalhes espinhosos do roteiro original, de ao menos três décadas atrás. Foi preciso adaptar, como contam os artistas.
— A ideia é trazer esse musical para 2024. Não dá para dizer que ele envelheceu bem ou mal, mas a verdade é que as coisas precisam ser atualizadas, sobretudo na arte — diz Diego.
Entre as mudanças propostas nesta nova montagem, foram banidas as piadas que incluem o “nome morto” de Bernadette. E aqui cabe uma explicação: na história, ela é uma mulher trans e, portanto, deve ser chamada com o nome que escolheu sob o gênero feminino e não pela denominação masculina de batismo. Trata-se de uma regra, considerando a população trans e travesti, absolutamente primordial.
A atual montagem de Priscilla, inclusive, é a primeira de que se tem notícia que incluiu duas travestis no papel de Bernadette. Algo que é bastante lembrado por Verónica Valenttino, uma de suas intérpretes e a primeira trans a ganhar o prêmio Shell de melhor atriz (por seu trabalho no musical “Brenda Lee e o Palácio das Princesas”, no ano passado):
— Falamos muito de representatividade em cena e em tantos lugares, mas a grande preciosidade é a proporcionalidade. No musical, temos eu, Wallie e a (atriz não binária) Kaiala. Estar presente, mas sozinha, não garante que deixaremos de passar por coisas que nos tocam ou nos magoam. Construir juntas é importantíssimo, até para fortalecer nossas presenças.
Além de toda discussão sobre diversidade que o musical evoca, os artistas têm se dedicado aos números musicais que “Priscilla” requer. Portanto, estão lá “I will survive”, “I say a little prayer”... O icônico ônibus que dá nome à montagem estará ladeando todas as performances, que se estendem ao longo de cerca de 2h30. A preparação para colocar a obra em pé, atestam os artistas, é uma maratona.
— A gente fica possuído, tudo ocorre bem rápido. Não tem muito tempo, não, amor! O processo é intenso. Ainda bem que temos uma equipe incrível — diz Gianecchini.
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