Não binário é uma identidade de gênero que não se encaixa exclusivamente nas categorias tradicionais de masculino ou feminino. Pessoas que assim se entendem podem sentir que seu gênero é uma mistura de ambos, nenhum, ou algo completamente diferente. Na véspera do 28 de junho, celebrado como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, histórias de resistência e luta ganham destaque. Entre elas, a da atriz Nila, conhecida por seu papel como Michael, em "Malhação: vidas brasileiras" (2018). A artista revelou ser uma pessoa não binária em 2023, através de suas redes sociais, na mesma época em que apresentou seu novo nome. Um ano e meio depois, ela fala o que mudou nesse tempo e sobre sua identidade de gênero.

Assexual: ex-BBB Victor Hugo conta que também se considera bissexual: 'Se estiver apaixonado, pode rolar sexo'

Ator trans: ex-Malhação, conta desafios enfrentados após transição de gênero feita depois da novela: 'Medo de virar estatística'

— Eu sou uma pessoa trans, não binária e bissexual. Mas me pergunto se é realmente relevante nos categorizarmos assim. Claro que, politicamente, é importante porque precisamos educar uma sociedade que ainda insiste em dizer que não nos compreende — o que é mentira —, mas, uma vez que você passa a viver e a se investigar, você passa a perceber que todas as categorias podem ser fluidas — afirma Nila.

Quando interpretou Michael em "Malhação: vidas brasileiras" (2018) e protagonizou uma cena histórica de beijo gay com o ator Giovanni Dopico, Nila ainda era conhecida pelo público com seu nome antigo. Em janeiro de 2023, a atriz postou um vídeo no Instagram contando sobre a mudança de nome e se declarando uma pessoa trans não binária, ou seja, alguém que compreende o gênero como algo além das definições de masculino e feminino. Desde então, ela vem trocando com o público sobre o processo pelo qual passa, e tem recebido uma onda de apoio.

Depois de "Malhação", Nila fez a primeira temporada da série "De volta aos 15", na Netflix. Na trama, interpreta Cézar, que também é uma pessoa trans.

A identidade não binária é um termo guarda-chuva que pode incluir diversas outras identidades de gênero, como gênero-fluido, agênero, bigênero, entre outras. Para Nila, a jornada de autoconhecimento e aceitação foi mais acolhedora do que muitos esperam.

— A minha construção e o meu processo de entendimento sempre foram muito espontâneos, e minha família sempre me deu espaço para existir dessa forma. Acho que as pessoas quando perguntam sobre isso sempre esperam uma história trágica e sofrida, mas a verdade é que é muito mais fácil crescer aceitando quem realmente somos. Quando isso envolve uma relação digna e saudável com a família, tudo fica melhor — conta.

Atriz não binária pede apoio de aliados contra o preconceito

Para Nila, o apoio de pessoas fora da comunidade LGBTQIAPN+ também é essencial para a luta contra o preconceito.

— Nós já travamos batalhas diárias pela nossa própria sobrevivência, e nada vai mudar se continuarmos sozinhas nessa luta contra a violência — revala Nila sobre o desejo pela segurança de andar pelas ruas sem ter medo.

O Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, comemorado em 28 de junho, é um marco histórico e simbólico para a comunidade. Nila reflete sobre esse dia com um olhar crítico e esperançoso para a data a qual considera historicamente importante.

— Olho com carinho para esse dia porque é um momento de celebração e, ao mesmo tempo, marca o início de nossa luta por direitos e acessos mais justos. A nossa luta é sobre poder existir plenamente em todos os espaços, sendo quem nascemos para ser — explica.