O nome de Maria Gladys tomou as redes sociais esses dias com o lançamento do filme "MaXXXine", protagonizado por sua neta, Mia Goth. A atriz britânica falou português e tudo no tapete vermelho, lembrando com carinho da avó. Gladys, aliás, já foi apontada pela artista estrangeira como uma inspiração na carreira. E não é para menos. A veterana já foi musa do cinema nacional e brilhou em novelas de sucesso na TV Globo.

Maria Gladys, hoje com 84 anos, é mais do que avó da estrela britânica. Sua carreira extensa passa pelos palcos do teatro, as telonas de cinema e também a TV. O começo de tudo foi como dançarina no programa de Carlos Imperial, veiculado na TV Tupi nos anos 70. Nessa época, a atriz chegou a ter um romance com Roberto Carlos.

— Fomos namoradinhos na adolescência. Fui apaixonada por ele. Foi tão bom, éramos jovens, tínhamos 16, 17 anos.... Na época, ele estava começando e a gente fazia um programa na TV Tupi. Quando ele estourou mesmo, eu não era mais namorada dele — contou a atriz ao EXTRA em 2020.

Já nessa época, Gladys era apaixonada pelo teatro. Anos mais tarde, veio a se tornar musa de cineastas brasileiros e tem no currículo diversas produções nacionais. "Todas as mulheres do mundo" (1966), "Brás Cubas" (1986) e "Casa da Mãe Joana" (2008) são alguns dos longas em que ela esteve no elenco.

Nas novelas também brilhou, principalmente como a divertida empregada doméstica Lucimar de "Vale tudo" (1988). Em entrevista dada esta semana ao NaTelinha, Gladys comentou que não veria uma possível reprise do folhetim feito nos dias atuais. "Uma outra Vale Tudo, eu acho um perigo! 'Nada será como antes', como diz a música. Vale Tudo, houve uma, aquele espetáculo! Foi um marco para a televisão e para todos os atores. Agora, é outra história", disse ela.

Além da novela escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, a avó de Mia Goth também participou de outras produções na TV como "Top Model", "Fera ferida", "Hilda Furacão", "O beijo do vampiro", "Pé na cova" e mais. Este último, aliás, foi seu último trabalho na televisão.

Parentesco gringo

Na vida pessoal, a resistência na época da ditadura levou a atriz ao exílio em Londres entre os anos 60 e 70. Na época, ela já era mãe de Glayson, filho de um relacionamento do passado com quem Maria Gladys ficou casada por um ano. Em terras estrangeiras, a artista teve outros amores e se tornou mãe de Rachel, mãe da estrela de "MaXXXine" Mia Goth. A terceira filha é Thereza Maron.

"Achava que o pai da Rachel era John Coward, com quem ela foi morar em Londres aos 15 anos. Mas tenho Facebook e, um dia, Lee Jaffe, amigo meu daquele tempo, mandou um retrato do filho, que é muito parecido com a Rachel. Foi feito um teste de DNA e em três dias descobrimos que Lee era pai da Rachel", contou Gladys à Quem em 2014.

A relação com a neta, que agora brilha no cinema, não é tão próxima quanto a avó gostaria. Gladys não chegou a conhecer a bisneta, por exemplo, filha de Mia Goth. Mas o carinho entre as duas é recíproco.

"Mia é uma menina muito reservada, inglesa, então mantém aquela discrição, vive a vida dela. Não fala: 'Ah, estou indo aí, vó, mostrar a minha filha'. Queria estar mais perto dela, curtindo mais, mas é tão longe onde ela está... Só sei que ela gosta do Brasil!", contou a veterana ao NaTelinha esta semana.

O que faz hoje?

Maria Gladys, que completa 85 anos em novembro de 2024, vive hoje em um sítio em Santa Rica de Jacutinga, em Minas Gerais. Boêmia e ex-moradora do Leblon, ela contou ao EXTRA em 2020 que acabou se acostumando com o silêncio do interior. Na época da pandemia, alguns amigos chegaram a abrir uma vaquinha pedindo ajuda financeira para a atriz.

— Recebo uma aposentadoria da Globo há quatro anos. Dá para viver aqui, está bom. Sobrevivo aqui bem. Vira e mexe estou dura, aí tem sempre um amigo que ajuda, que quer fazer uma vaquinha... — disse na ocasião.

O trabalho mais recente de Maria Gladys foi gravado para o cinema: o filme "A fúria", do cineasta Ruy Guerra.