Variedades
Entenda a trama das eleições nos EUA mais parece novela, repleta de personagens instigantes e reviravoltas
EXTRA convidou os autores Gloria Perez e Paulo Halm a comentarem a corrida pelo poder presidencial norte-americano
Os protagonistas desta história são astros internacionais e incluem uma amante que foi atriz pornô e um idoso que teve a saúde questionada. A trama guarda todos os ingredientes de uma boa novela, com direito a discussão no tribunal, suborno, desvio de dinheiro público, puxadas de tapete e até uma tentativa de assassinato. E todos os personagens têm um sonho em comum: o poder. A corrida eleitoral nos Estados Unidos não é uma novela de TV, mas vem rendendo muitos capítulos e apresenta alta audiência, como comprovam memes que circulam nas redes sociais. E como o EXTRA adora o que o povo gosta, fomos atrás de quem entende do assunto pra saber que título teria.
— Poderia se chamar “Onde os fracos não têm vez”, mas os irmãos Cohen já fizeram um belo filme com esse nome. O título original em inglês é mais pertinente: “No country for old men”, algo como “Este país não é para velhos”. Está aí um título que tem tudo a ver com a pressão etarista que fizeram para o Joe Biden renunciar — opina Paulo Halm, autor de sucessos como “Totalmente demais” e “Bom sucesso’’, entre outras novelas da Globo.
História com reviravolta
A decisão do atual presidente de não seguir na disputa pela reeleição, na última semana, foi uma reviravolta — ou um plot twist, como dizem nas séries internacionais — digna de metade de trama. Mas o drama de Biden começou a dar sinais muito antes, quando ele passou a ser pressionado por trocar as bolas (e até nomes de aliados). O povo se perguntava se o político, de 81 anos, seria capaz de comandar a Casa Branca por mais quatro anos.
— Me conte se alguém conseguir descobrir quem estava governando os Estados Unidos até agora. Porque o Biden a gente viu que não era. Para mim, este é o “quem matou?” dessa novela — alfineta a também autora Gloria Perez, que tem “O clone’’ e “América’’ no currículo, histórias que tinham como tema central justamente o sonho americano.
E não é que Trump, não muito chegado a imigrantes atravessando fronteiras, quase foi alvo de um “quem matou’’ de verdade? Até quem é do ramo assume que está difícil a ficção superar a realidade.
— Sabe que a realidade está desmoralizando um pouco o nosso trabalho de novelista? Tanto aqui, no Brasil dos últimos anos, com todas as suas reviravoltas mirabolantes, como nos Estados Unidos, o que vemos beira o inacreditável. O roteirista mandou a verossimilhança às favas — diverte-se Halm.
Os personagens e os capítulos da novela da Casa Branca
O astro de TV vira presidente
Donald Trump era “só” um bilionário ambicioso e desbocado, que gostava de dizer “você está demitido” para os participantes do reality show “O aprendiz” na TV americana. Até que, em 2016, ele decidiu se candidatar à presidência dos Estados Unidos da América, e muita gente achou que fosse piada.
Mas os discursos inflamados, os ataques aos adversários e a ideia de ver um “não-político” no poder, que tinha como slogan de campanha “tornar a América grande de novo’’ e a promessa da construção de um gigantesco muro separando os EUA do México, o elegeram.
Derrotado: cenas de ação pelo poder
A euforia com o novo governo foi diminuindo anualmente. A maneira desastrosa com que conduziu o país na pandemia de Covid-19 impediu sua reeleição. Mas que todo-poderoso aceita a derrota sem pestanejar? Em janeiro de 2021, numa sequência de cenas de ação com direito a tiro e sangue, seus apoiadores invadiram o Capitólio, em Washington, com a intenção de impedir que o Congresso certificasse a vitória do rival Joe Biden.
O rival
Com carreira política respeitada (foi vice de Obama) e uma vida privada marcada por dramas (ele perdeu uma mulher e dois filhos), Joe Biden conquistou a simpatia do povo americano e foi o responsável por deter Trump na eleição de 2020.
Atriz pornô e pecado capital
Mesmo com a imagem manchada, Trump não perde o protagonismo. Em sua trajetória não faltam processos e escândalos sexuais. Ele chegou a ser condenado por pagar suborno à atriz pornô Stormy Daniels para que ela não contasse que os dois tiveram um caso e atrapalhasse sua campanha política. De onde veio o dinheiro? Fraude fiscal cometida enquanto ele presidia o país, em 2017.
Apesar dos percalços, ele não está inelegível. Há ainda outros processos criminais que o empresário enfrenta. Trump é réu por ter tentado se manter no governo ilegalmente após as últimas eleições. Ao deixar o cargo, levou documentos sigilosos e nunca os devolveu. Ele é acusado ainda de ter tentado alterar o resultado eleitoral do estado da Geórgia. Mas esses processos ainda não têm data para julgamento.
O Salvador da Pátria... Ops!
Se Trump está mais para anti-herói, a Biden caberia tranquilamente o papel do salvador. Isso se o povo americano, público que define os rumos dessa trama rocambolesca, já não tivesse perdido a paciência com ele, que demonstrava saúde frágil e insistia em continuar. Bastou para que o representante democrata passasse a sofrer mais do que os avós que apanhavam de Dóris em “Mulheres apaixonadas’’. Sem uma atuação convincente, Biden erra nomes de aliados, sofre uma espécie de apagão em um debate... A pressão nos bastidores e também da opinião pública o levaram a desistir da campanha pela reeleição no último dia 21.
Atentado
A novela sempre tem um “quem matou?”. E aqui foi quase. Num comício em 13 de julho, Trump levou um tiro na orelha e saiu carregado pelos seguranças, todo ensanguentando. A identidade do atirador, no entanto, foi conhecida sem suspense e ele acabou sendo morto pelo serviço secreto. Trump já estava indo bem nas pesquisas, depois do atentado o cenário continuou favorável. Vale tudo a partir de agora!
Ele até dita moda
Como é comum novela que é sucesso de audiência ditar moda nas ruas, o curativo usado pelo candidato republicano na orelha virou um item fashion entre seus eleitores, que mostraram união e força depois da cena de violência.
A nova dona do pedaço
Os eleitores de Trump só não contavam com o renascimento de uma até então coadjuvante: Kamala Harris, a vice de Biden e sua substituta mais provável na busca pelos votos democratas. Mulher, negra, ela andou empolgando até gente no Brasil, da ala mais progressista. Os internautas só precisaram lembrar que não dá para virar voto para a advogada, mas Kamala tem apoio de peso. O mote de sua campanha, “Nós escolhemos a liberdade”, vai ser ao som de Beyoncé, que já autorizou a trilha sonora.
E se tudo virasse ficção? O autor Paulo Halm imaginou o elenco!
*Colaborou: Thomaz Rocha
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