Política

Ex-adversários, Garotinho e Cunha sobem no mesmo palanque e declaram apoio a Ramagem na eleição do Rio

Ex-presidente da Câmara, que dirige o Republicanos na capital, pede campanha focada em críticas a Paes. Candidato do PL agradece apoio: 'Boa e séria política'

Agência O Globo - 06/08/2024
Ex-adversários, Garotinho e Cunha sobem no mesmo palanque e declaram apoio a Ramagem na eleição do Rio
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O Republicanos reuniu adversários e políticos tradicionais do Rio, durante a convenção partidária, na segunda-feira, para apoiar a candidatura de Alexandre Ramagem (PL) à prefeitura do Rio. Entre eles estava Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara, que atualmente comanda o diretório do partido na capital fluminense, e foi responsável por oficializar a aliança com Ramagem. No mesmo palanque, discursaram os candidatos a vereador pelo partido, Anthony Garotinho, e Kaio Brazão, filho do ex-deputado Domingos Brazão.

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Embora hoje estejam no mesmo partido, Garotinho e Cunha são adversários de longa data e travaram embates públicos na Câmara dos Deputados. Kaio, por sua vez, concorre sob a sombra da prisão do pai, acusado de ser o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco — crime no qual ele nega ter qualquer envolvimento.

Em sua fala, Cunha pediu a todos os candidatos do partido que façam uma campanha com críticas ao prefeito Eduardo Paes (PSD), candidato à reeleição e adversário de Ramagem. Paes e Cunha ensaiaram uma aliança no início deste ano, quando o prefeito entregou cargos da administração para nomes indicados pelo ex-presidente da Câmara. Mas romperam às vésperas da eleição, em meio a acusações de lado a lado.

— Ramagem é candidato a prefeito para ficar quatro anos. Não é candidato para largar a prefeitura e deixar um vice que ninguém conhece cuidando da cidade. Quem está votando no Eduardo Paes está votando no vice — discursou Cunha.

Ao agradecer o apoio de Cunha, Ramagem aproveitou para criticar a duração do grupo político de Paes na prefeitura do Rio.

— O Republicanos é um partido que sabe que a boa e séria política é que transforma a vida das pessoas. Não é essa politicagem do grupo do Eduardo Paes, que só pensa no individual e (deixa) nossa cidade está do jeito que está, com 28 anos desse grupo no poder — criticou.

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Quando Ramagem discursou, outros caciques do partido, como Garotinho e o filho de Brazão, já haviam deixado o palco. O ex-governador, chamado a discursar por Cunha, pediu que o partido caminhe unido na campanha. Logo depois de falar ao público ele se retirou da convenção, acompanhado pela esposa e ex-governadora Rosinha Garotinho.

— Aqui é um pelo outro. Não é um contra o outro. Se você, andando na rua, pedindo voto para o seu candidato, encontrar alguém que diga "vou votar no Garotinho por causa do Cheque Cidadão", "aquele restaurante popular que o Garotinho fez matou a minha fome", deixa votar no Garotinho — pediu o ex-governador.

Kaio Brazão disse, em um rápido discurso, que pretende "dar continuidade ao mandato da família Brazão", e defendeu o legado deixado "por meu pai e por meu tio" no Rio. Além de Domingos, seu pai, ex-deputado e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, o tio, Chiquinho Brazão, que é deputado federal, também foi preso pela Polícia Federal sob acusação de ordenar a morte de Marielle.

Com a oficialização da aliança entre Republicanos e PL, a coligação de Ramagem passa a contar com três partidos — o MDB já havia declarado apoio a ele na capital fluminense.

O Republicanos chegou a ser cotado para indicar o candidato a vice na chapa de Ramagem, mas a escolhida pelo partido, a deputada estadual Tia Ju, rejeitou o convite devido a pressões da Igreja Universal do Reino de Deus. Com isso, o candidato do PL decidiu formar uma chapa "puro sangue", tendo a correligionária India Armelau como vice.

Entre os partidos com representação no Congresso Nacional, seis lançaram candidatos à prefeitura do Rio: Eduardo Paes (PSD), Alexandre Ramagem (PL), Tarcísio Motta (PSOL), Marcelo Queiroz (PP), Rodrigo Amorim (União) e Carol Sponza (Novo).