Política

Visitas de senadores e discussão em banho de sol: como foi o período na prisão do ex-chefe da PRF, solto por Moraes

Silvinei Vasques é investigado por supostamente ter direcionado a corporação para dificultar o trânsito de eleitores no segundo turno do pleito presidencial, em 2022

Agência O Globo - 08/08/2024
Visitas de senadores e discussão em banho de sol: como foi o período na prisão do ex-chefe da PRF, solto por Moraes

Na véspera de completar um ano preso, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques foi solto nesta quinta-feira pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é investigado em um inquérito da Polícia Federal por supostamente ter direcionado a corporação para dificultar o deslocamento de eleitores durante o segundo turno do pleito presidencial, em outubro de 2022.

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— Aguardávamos a soltura, tendo em conta que o fato, se verdadeiro fosse, configuraria crime de prevaricação, com pena máxima de um ano. Há atipicidade manifesta quanto ao crime de violência política. Por isso, Silvinei já cumpriu quase quatro penas do crime de prevaricação, que tem pena mínima de três meses — afirmou o advogado Eduardo Nostrani Simão, que representa o policial.

No período em que esteve preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória II, no Complexo da Papuda, em Brasília, Vasques recebeu visitas de 17 senadores, três por vez, autorizados por Moraes. Entre os nomes, estão Sergio Moro, Damares Alves, Ciro Nogueira, Jorge Seif, Marcos Pontes e Magno Malta. No despacho, o ministro negou o ingresso de acompanhantes, como assessores, seguranças, advogados ou familiares, na unidade prisional.

O policial também aproveitou o tempo no cárcere para estudar para exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a partir da entrada de livros deferida pela juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal.

Nos últimos meses, ele já prestou duas provas, além da repescagem na matéria de Direito Penal, sendo reprovado. O policial participou dos certames presencialmente, em sala própria e isolada, acompanhado de fiscais e escoltado por agentes penitenciários.

Vasques também foi alvo de um processo administrativo instaurado pela Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape) do Distrito Federal para apurar a eventual prática de transgressão disciplinar média.

Após analisar o caso, a comissão decidiu pelo arquivamento do caso. De acordo com os policiais penais, Vasques poderia ter atuado “maneira inconveniente, faltando com os deveres de urbanidade frente às autoridades, aos funcionários, a outros sentenciados, aos visitantes e aos demais particulares no âmbito do estabelecimento penal”.

A ocorrência foi registrada após uma suposta briga com xingamentos protagonizada entre o ex-PRF e outro detento, durante o banho de sol, em abril deste ano. Na ocasião, agentes teriam escutado os xingamentos e apurado que os presos discutiam “por conta de fofocas feitas” e que “as desavenças entre os dois eram constantes”.