Política

Nunes alvo, Marçal 'franco atirador' e Datena 'despolarizado': como foi o debate da Band em SP

Encontro foi marcado por intensa troca de acusações entre os participantes

Agência O Globo - 09/08/2024
Nunes alvo, Marçal 'franco atirador' e Datena 'despolarizado': como foi o debate da Band em SP
Ricardo Nunes - Foto: Arquivo/ Instagram

O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, realizado nesta quinta-feira na Band, trouxe o atual prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) como principal alvo da noite. O emedebista respondeu principalmente a acusações do empresário Pablo Marçal e do deputado Guilherme Boulos (PSOL), além de sofrer ataques do apresentador José Luiz Datena (PSDB).

Além disso, o debate trouxe momentos Marçal nervoso e disparando ofensas de baixo nível aos oponentes, incluindo a deputada federal Tabata Amaral (PSB).

Nunes tentou rebater acusações listando os feitos de sua gestão. Boulos alternou momentos em que falou de propostas e atacou o prefeito. O psolista ainda repetiu seu mantra de que a cidade “precisa de mudança”, sugerindo que Nunes é um prefeito que “só aparece de quatro em quatro anos”.

Veja os principais pontos do debate.

Fuga da polarização

Já Datena optou por uma estratégia de fugir da polarização política. Ele insistiu que Nunes apenas repete o discurso de Bolsonaro, seu apoiador, e que Boulos faria o mesmo em relação a Lula, acrescentando que a polarização não faz bem a São Paulo. Ele também insistiu na tecla da segurança pública, tema em que se destaca por sua experiência na televisão e criticou a gestão do prefeito:

— No meu governo ninguém vai sentar a bunda em ônibus do PCC — disse o apresentador, referindo-se à operação deflagrada neste ano pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) contra duas organizações suspeitas de lavar dinheiro para o PCC por meio do transporte público na capital paulista. — Se provarem as mentiras (de Nunes) nas obras de licitação, ele vai para a cadeia.

Provocações

Tabata tentou em mais de uma oportunidade destacar suas propostas para a cidade e projetos que apresentou no Congresso. Para não ficar alheia à troca de tiros, também partiu para o ataque trazendo à tona uma sentença contra Marçal (cuja pena veio a ser extinta) e boletim de ocorrência registrada pela mulher de Nunes contra o emedebista por ameaça.

— Não há condenação — disse Marçal, antes de disparar ofensas contra a deputada, com quem vem travando um embate pelas redes sociais nas últimas semanas. — Você que é parachoque de comunista não vai direcionar nenhuma pergunta para o Boulos. Você que é um candidato fantoche.

'Franco atirador'

Marçal, mesmo quando perguntado por Nunes sobre suas propostas para a cidade, manteve o tom bélico e disse que “minha proposta é tirar você da prefeitura”. Fenômeno de popularidade nas redes sociais, ele chamou a atenção no debate por fazer acusações pesadas aos adversários, no estilo “franco atirador”. Na convenção realizada pelo PRTB no domingo, o empresário disse que revelaria no debate dois candidatos que “cheiram cocaína” — sem, no entanto, apresentar provas.

No primeiro bloco, Marçal chamou Tabata de “adolescente” que “precisa amadurecer”, disse que Boulos seria “apoiador do Hamas” e um “comedor de açúcar que não cuida da própria saúde” e que estaria “de saco cheio”.

Ao final do primeiro bloco, Tabata provocou Marçal perguntando sobre a Operação Urbana Água Branca, proposta de intervenção urbana na região na Zona Oeste de São Paulo; ele mostrou desconhecimento:

— Pode me esclarecer o que é?

No final do bloco inicial, Boulos, em direito de resposta após a acusação de Marçal, disse que iria publicar nas redes sociais uma sentença de condenação judicial contra o empresário — pouco antes, o adversário havia dito que abandonaria a disputa se alguém apresentasse a condenação.

Nunes como alvo

Os candidatos responderam a perguntas dos jornalistas no segundo bloco sobre temas que concentraram em segurança, educação e mobilidade — e os ataques continuaram tendo Nunes como alvo principal. Boulos afirmou que Nunes seria arrogante por não reconhecer o problema da segurança e incompetente para solucioná-lo. Datena disse que “esse aí” (em referência a Nunes) tem “suspeita de envolvimento com o PCC no transporte público”.

O empresário, perguntado no segundo bloco sobre trânsito e mobilidade urbana, voltou a defender um projeto de teleféricos nas comunidades que, segundo ele, funcionaria em outras cidades. Também disse que aumentaria a velocidade das Marginais e que implementaria a conversão livre à direita, como nos EUA. Nunes, em seguida, disse que “não dá nem para comentar” a proposta dos teleféricos.

Os mais buscados

Como atração, a Band exibe também um painel com ranking de buscas no Google sobre os candidatos. No início do debate, Marçal era o mais buscado, seguido por Boulos, Nunes, Datena e Tabata.

Clima quente nos bastidores

O clima foi quente também nos bastidores. A mulher de Ricardo Nunes, Regina Nunes, se exaltou quando Tabata Amaral perguntou se o prefeito havia agredido a sua esposa.

— Deixa minha família em paz! Mulher atacando mulher — reagiu Regina, que estava na plateia.

Ela se levantou e teve que ser contida por assessores por duas vezes. A produção chegou a pedir silêncio na plateia. Nunes, por sua vez, pediu “respeito” e falou que “não pode ser vale tudo numa campanha”. Do púlpito, o emedebista fez um gesto a sua esposa, pedindo calma.

A pré-candidata Marina Helena (Novo), ausente do debate, organizou um protesto do lado de fora dos estúdios.