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Rebeca Andrade e Lorrane Oliveira brilharam com tranças nas Olimpíadas; Leidy Elin e profissional que atendeu medalhista de ouro revelam detalhes

Saiba mais sobre as gypsy braids, que encantaram os fãs: elas combinam tranças na raiz com fios soltos e cacheados no comprimento

Agência O Globo - 11/08/2024
Rebeca Andrade e Lorrane Oliveira brilharam com tranças nas Olimpíadas; Leidy Elin e profissional que atendeu medalhista de ouro revelam detalhes
Rebeca Andrade e Lorrane Oliveira brilharam com tranças nas Olimpíadas; Leidy Elin e profissional que atendeu medalhista de ouro revelam detalhes - Foto: Instagram - @rebecarandrade

As nossas heroínas não usam capas: elas vestem collants brilhantes, voam (em saltos de diferentes graus de dificuldade) e ainda têm o superpoder de manter os coques no cabelo intactos durante a apresentação. Embora soltá-los assim que termina a performance tenha se tornado uma marca de Rebeca Andrade. Nas Olimpíadas de Paris, a nossa medalhista de ouro e Lorrane Oliveira, que traz um bronze na mala, não brilharam apenas por suas acrobacias, mas também pelo estilo marcante de suas tranças. As duas adotaram as gypsy braids, uma escolha que uniu beleza, praticidade e ancestralidade.

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As gypsy braids foram popularizadas por Zoë Kravitz, atriz, modelo e cantora que é filha de Lenny Kravitz. Mas no Brasil foram adaptadas por influenciadoras como a modelo Juliana Nalu, ex-namorada de Kanye West. Elas são uma tendência, especialmente por sua combinação de tranças na raiz com fios soltos e cacheados no comprimento, que conferem um visual leve e natural.

— É uma técnica lá de fora, mas nós brasileiros gostamos de adaptar tudo. É uma trança feita na raiz que depois se mistura com cachos soltos. A da Rebeca tem bastante trança na raiz, cerca de quatro dedos. Já a da Lorrane tem menos trancinhas e mais cachos — explica a ex-BBB e trancista Leidy Elin, que completa: — Nessa técnica, a gente começa trançando da raiz dos fios naturais e vai adicionando o cabelo que aparece nas pontas, camuflando-o. Ela é feita com cabelo biovegetal, que é similar ao humano. É de fibra sintética, mas é mais maleável e natural.

Sem nó, sem dor

Leidy detalha que as meninas usam a técnica knotless braid, que é feita sem nós na raiz, o que torna as tranças indolores e mais confortáveis para o uso durante competições intensas. Elas são perfeitas para as mulheres que querem evitar o incômodo no couro cabeludo e ainda ajudam a prevenir alopecia por tração, perda de cabelo causada pelo uso de penteados muitos apertados.

— A trança que é feita na raiz delas a gente chama de trança indolor. Ela começa a ser feita no próprio cabelo da cliente e depois vamos colocando os outros materiais para trançar. Na box braid (aquela trancinha tradicional), a gente dá um nó na raiz do cabelo, para depois trançar. Mas você pode ver que Rebeca e Lorrane não têm esse nó.

As amigas utilizam bastante as gypsy braids durante as competições. Para Leidy, a praticidade dessas tranças é um ponto superpositivo.

— A gente acorda pronta. Nas Olimpíadas, elas não têm a dor de cabeça de pensar no cabelo. É só fazer o coque, a maquiagem, beijo e tchau. E sempre com piruetas maravilhosas para ganhar medalhas — afirma a ex-BBB.

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Cuidados especiais

Para manter as tranças impecáveis, são necessários alguns cuidados especiais. Lorrane, por exemplo, mostrou como cuida das tranças num vídeo nas redes sociais em que aparece desembaraçando cacho por cacho.

— A gypsy braid dura até um mês e meio, se for bem cuidada. Pelo menos duas vezes na semana, a pessoa tem que lavar e desembaraçar. É para tratar como se fosse um cabelo humano mesmo, mas é bom usar produto para fio biovegetal. Tem xampu, condicionador, óleo... Tudo porque ele embaraça e embola com muita facilidade. Tem que dormir com touca de cetim — recomenda Leidy.

Rebeca, por exemplo, chamou a trancista Soany para retocar seu cabelo em Paris. A hairstylist está passando uma temporada na cidade e foi indicada para a ginasta por uma cliente do Brasil.

— Eu realmente me senti super em casa de poder ajudar com meu trabalho alguém tão incrível como ela. Rebeca precisava apenas de um retoque porque seriam muitos dias aqui. Gente como a gente, né? (risos). Foi um trabalho de apenas uma horinha, mas amei poder trabalhar com ela.

Cabeça leve

Nas redes, muitas pessoas atentaram para o fato de que tranças pesam e questionaram como as ginastas conseguiam fazer tantos movimentos sem incômodos. Soany explica:

— O modelo usado por elas é superleve e é uma ótima escolha por ser lindo, com uma aparência de cabelo solto, e ainda confortável. Claro que não tem o peso de um cabelo sem extensões, mas é uma ótima opção para elas executarem os saltos, ficarem de cabeça pra baixo... Tanto é que foi tranquilo usar os penteados que elas exibiram em Paris — afirma a especialista.

Na internet, muitos se perguntam também como as atletas conseguem fazer tantas piruetas sem desfazer o coque. Soany explica:

— Elas apenas prenderam normalmente com um laço de cabelo! O negócio é ter o talento, né, amores? Elas arrasam na ginástica, e as trancistas brasileiras arrasam nos cabelos, essa é a real!

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Leidy Elin chama atenção para o fato de as gypsy braids facilitarem o ritual de Rebeca, ao soltar o cabelão para subir no pódio.

— Para ir às Olimpíadas, acho que foi a melhor escolha mesmo, porque são muito leves e têm mais a malemolência para prender naquele coque. Depois que solta, a pessoa já está pronta para o rolê — diz a ex-BBB.

Tempo, cor e preço

O tempo para fazer as tranças pode variar, mas, segundo Leidy, a média é de três a quatro horas. O custo desse modelo pode girar em torno de R$ 500, dependendo da região e dos materiais usados.

— O valor varia muito, mas a trança delas poderia ser uns R$ 500, contando com o jumbo (material usado para trançar), o biovegetal (cabelo usado nas pontas) e a mão de obra — estima Leidy.

Adeptas fiéis das gypsy braids, Rebeca e Lorrane mudam, na maioria das vezes, apenas a cor. Elas já surgiram com cabelo loiro, castanho, ruivo e até platinado. Leidy explica que o tom não interfere no custo:

— As duas até combinam às vezes! O pessoal já está até me perguntando qual é a coloração usada no cabelo das meninas (risos).

Outros tipos de tranças

A leveza das tranças é um fator decisivo na escolha das atletas, já que outros estilos poderiam pesar mais e atrapalhar suas performances. Além das gypsy braids, elas já usaram a trança nagô.

— Essa é aquela mais agarradinha, que a gente chama de trança raiz. Lorrane, por exemplo, já usou a nagô na raiz e as tranças mais soltas nas pontas. As duas também já surgiram combinando a nagô com o cabelo natural — lembra Leidy.

Rebeca exibe tanto as trancinhas no cabelo que até a boneca Barbie em sua homenagem foi feita com o mesmo penteado. A ginasta também já usou as french braids, como na foto acima em que ela segura três medalhas. A técnica é parecida com a da gypsy, mas o material usado nas pontas é diferente.

— O que muda é o que finaliza: um cabelo ondulado e não cacheado — explica a ex-BBB.

Estilo ancestral

As tranças de Rebeca e Lorrane não são apenas um elemento estético. Além de uma escolha prática para as competições, elas representam uma conexão com suas raízes e uma afirmação de identidade.

— É muito lindo ver duas mulheres pretas nas Olimpíadas, e é importante elas irem de trança, porque assim levam com elas sua ancestralidade. Quando a gente vê, a gente fica doida!— celebra Leidy Elin.